O deslocamento do ser humano para se conectar com novas culturas e explorar lugares desconhecidos é realizado desde os tempos mais primórdios em que a infraestrutura era primária ou inexistente (BARRETO, 2007). Neste contexto, é necessário entender o turismo como uma atividade cultural levando em conta sua abrangência social, sendo a ponte para ligar o visitante a cultura local, desenvolvendo uma atividade sustentável e trazendo benefícios e enriquecimento cultural tanto para a comunidade receptora, quanto para o turista através da troca de informações e experiências ali vivenciadas. Para os autores Banducci e Barreto (2002) o turismo é uma atividade que envolve um grande número de pessoas que se deslocam temporariamente para lugares inabituais de sua realidade e entram em contato com culturas e rotinas distintas, impactando de diversas formas as comunidades ali residentes. Segundo Xerardo (APUD Chambers, 2000:10) o turismo é “uma indústria de encontros entre locais e visitantes, produtores e consumidores de bens turísticos. O turismo também é uma indústria da hospitalidade.” Neste artigo, trago a cidade de São Paulo, que é referência internacional no segmento de turismo de negócios e a maior cidade da América Latina. Porém pouco se aborda sobre a pluralidade cultural encontrada pelas ruas da grande metrópole. A cidade se destaca pela sua arquitetura em grandes construções históricas, museus, parques e feiras espalhados por seus 1.521,110 km² (IBGE 2019). Nos próximos parágrafos destacarei algumas feiras que representam a cultura de São Paulo e que atraem milhares de turistas todos os finais de semana. As feiras realizadas em espaços públicos valorizam o lugar, proporcionando uma experiência agregadora tanto para quem visita, quanto para quem está expondo, gerando uma troca de ideias, conversas e encontro de pessoas que tem uma mesma paixão, a de colecionar. A Feira de Antiguidades da Benedito Calixto, é um evento tradicional, que acontece desde 1987, no bairro do Pinheiros, na zona oeste de São Paulo. Referência cultural na cidade, é considerada uma das feiras mais importantes do Brasil, realizada aos sábados das 09:00 às 19:00, com aproximadamente 320 expositores. Lá é possível encontrar uma variedade de produtos, que abrange todo o público, como roupas, vinis, livros, e uma rica gastronomia. A feira contribui para a tradição cultural e identidade do bairro, exaltando a cultura. Além das antiguidades, na praça também acontece duas vezes ao mês um evento chamado “Autor da Praça”, em que alguns escritores lançam seus livros e acontece uma tarde de autógrafos e o “Chorinho da Praça”, para os amantes do gênero. Vale a pena visitar também o Espaço Cultural Alberico Rodrigues, que funciona como sebo, e é palco para alguns shows, teatros e saraus. A Feira de Antiguidade do Masp foi inaugurada em 1979, e acontece todos os domingos no vão livre do MASP. O evento recebe milhares de visitantes todos os domingos, e conta com diversos antiquários, como cartões postais, que mostram a cidade de São Paulo no seu desenvolvimento, objetos de decoração, moedas antigas, entre outros elementos que fazem parte da história. A troca de ideias e conhecimentos sobre o passado da cidade enriquece os diálogos que acontecem nas barracas. A região do Bexiga já é um atrativo cultural por si só, e a Feira de Antiguidades, que acontece na praça Dom Orione aos domingos, desde 1984, apresenta muita arte, cultura, miscigenação e hospitalidade nas suas mais de 200 barracas. Aos arredores da praça é possível experimentar a gastronomia marcante do bairro, nas inúmeras padarias e restaurantes centenários. É possível encontrar antiguidades e muito cultura em outras feiras em São Paulo, como a Feira de Antiguidades e Design do MuBE, que fica próximo ao MIS (Museu de Imagem e Som); Feira de Arte, Artesanato e Cultura do Largo de Moema; Feira da República, que está ativa desde 1968 e a Feira Kantuta, com uma gastronomia marcante da Bolívia e muito cultura desse povo Andino. Andar pelas feiras de São Paulo é uma oportunidade para voltar no tempo e desfrutar de todo manto cultural ali encontrado. A acessibilidade a diversos lugares da cidade oportuniza diferentes experiências dos turistas, que buscam locais peculiares, em que a cultura, muitas vezes, é o próprio atrativo cultural (RUSCHMANN, p. 15). Esta interação desperta um misto de sentimentos, desenvolvendo mudanças no modo de pensar e despertando o interesse e respeito sobre outras culturas de ambos os lados, fortalecendo a identidade cultural (DIAS, 2003, p. 11). O turismo pode ser uma atividade profunda, que proporciona diversas experiências e agrega a índole do ser humano. Segundo Mckean, 1995, p. 133). pode ser vista não como inteiramente uma busca de prazer banal ou escapismo, mas como um profundo, amplamente compartilhado desejo humano de conhecer ‘outros’, com a possibilidade recíproca de nós podermos vir a conhecer a nós mesmos. Após a análise de todas as definições, pode-se observar as múltiplas faces do turismo e como ele modifica o ambiente que está inserido em diferentes maneiras dependendo da forma que está inserida. Para mais, esta atividade pode despertar novas formas de pensamento e maneiras de enxergar outras realidades, cultivando o respeito pelo diferente.
Referências
MOLETTA, Vânia Florentino. Turismo Cultural.
Porto Alegre: SEBRAE/RS. 1998. BANDUCCI, A. J.; BARRETTO, M. Turismo e identidade local: uma visão antropológica.2ed. Campinas: Papirus, 2002.
BARRETO, Margarita. Cultura e Turismo: Discussões Contemporâneas. Campinas, SP: Papirus, 2007.
MCKEAN, Philip Frick. Toward a Theoretical Analysis of Tourism. Philadelphia: University of Pennsylvania Press, 1995.
DIAS, R.; SILVEIRA, E. J. S. da (orgs.). Turismo religioso: ensaios e reflexões. Campinas: Alínea, 2003. RUSCHMANN, Doris. Turismo e Planejamento Sustentável: a proteção do meio ambiente. Campinas, SP: Papirus, 1997.
Disponível em <http://pracabeneditocalixto.com.br/> Acesso em 10 de Outubro de 2020.
Disponível em <https://fuiporaiblog.com/feiras-sp/> Acesso em 16 de Outubro de 2020. >
Disponível em <http://www.portaldobixiga.com.br/feira-de-antiguidades/> Acesso em 16 de Outubro de 2020.
Escrito por: Sarah Bordonal