Teatro Oficina monta Esperando Godot pela primeira vez no Sesc Pompeia

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A peça de Samuel Beckett, escrita pós Segunda Guerra Mundial, nasce para o mundo mais uma vez, como sempre surgiu, entre guerras, estremecendo nossas inércias e os abismos que nos circundam. Com estreia marcada para o dia 30 de março de 2022, no Sesc Pompeia, Esperando Godot celebra também neste dia quente, os 85 anos de José Celso Martinez Correa, uma das grandes forças de direção e criação da Companhia Teat(r)o Oficina Uzyna Uzona. O espetáculo faz 3 semanas no Sesc SP e segue para estrear na rua Lina Bo Bardi, no terreyro eletrônico do Teat(r)o Oficina levando essa peça-pulso do aqui agora para o Bixiga.
Esperando Godot é uma peça de forte simbologia para a Companhia – foi o último espetáculo de Cacilda Becker (1969), força motriz de criação para as muitas gerações de artistas do Teat(r)o Oficina. Esperando Godot marca também a volta aos palcos de Zé, como sua primeira direção de teatro depois de 2 anos desde  a suspensão imposta pela pandemia. Depois de quase dois anos à espera e à espreita da chegada do grande público, a companhia se prepara para receber coros de multidão no teatro do Sesc Pompeia, para des-esperar Godot, em teatro.
Sobre esta correalização, Danilo Santos de Miranda, Diretor do Sesc São Paulo, diz que “com sua verve dionisíaca e carnavalesca – em um mundo que se encontra órfão de encontros e fantasias – e sua interpretação mordaz das feridas que permanecem abertas, o Teatro Oficina volta a pisar o tablado diante de uma plateia”. E completa que “na encruzilhada do Teatro Sesc Pompeia e conduzidos por Estragão e Vladimir, interpretados por Marcelo Drummond e Alexandre Borges, Zé Celso e sua trupe esperam Godot. Todos atados pelo nó confeccionado por Beckett, no século passado, e por nós mesmos, nesses tempos incertos.“ O Teat(r)o Oficina completou 63 anos de existência. No teatro se encarnam as entidades do mundo que atravessam as épocas, os corpos, as guerras e a peste, criando novos mundos, imaginando, experimentando e interpretando a vida a partir do fogo dos que vieram antes de nós e dos que nos esperam adiante.
No Brasil, no mundo, muitas vidas estão agora sob grande ameaça. Estados assumem sua ação em políticas de morte. Todos os povos que neste momento, e desde há muito, pulsam suas existências e se insurgem contra as violências institucionais estão sob a mira da extinção, do apagamento, do desaparecimento forçado. Os povos da cultura, seus operários-criadores, os povos do teatro, das artes, também são foco de extermínio e soterramento. Para atravessar este pântano, será preciso invocar, e ao mesmo tempo encarnar, a sabedoria das alianças e das confluências, como os rios correm juntos em direção aos vales. fazer parentes, fazer-teatro, lutar-junto, criar-junto é agora uma tecnologia política e uma máquina de guerra, contra a guerra. Malditas sejam todas as cercas que nos apartam do poder da nossa força coletiva de ação: só se existe em ATO.
A Árvore que está presente no Beckett é uma personagem muito importante na montagem de 2022, totem das transmutações do tempo, é um sujeito que catapulta ações na cena e fora dela. Tem correspondências diretas com a árvore plantada por Lina Bo Bardi, nos anos 80, nas terras internas do chão do Teat(r)o Oficina: uma Cesalpina; faz ligação direta, ainda, com o abacateiro tombado pela tempestade e que insiste em germinar e dar frutos, na horizontal, mais vivo do que nunca, no último chão de terra livre do centro de sp, entre as ruas jaceguai, japurá, santo amaro e abolição. A Árvore de Esperando Godot é o que insiste e reexiste como força cosmopolítica de insurreição da vida, como o rio Bixiga, que corre a 4m do chão, no epicentro das terras verdes que circundam o Teat(r)o Oficina.
A peça marca também o retorno de Alexandre Borges a um espetáculo da companhia depois de quase 30 anos. O ator viveu o Rei Cláudio na montagem de Ham-let, de William Shakespeare em 1993, espetáculo que reinaugurou o Teat(r)o Oficina, com o atual projeto arquitetônico de Lina Bo Bardi e Edson Elito.
sinopse
​​Estragão (Marcelo Drummond) e Vladimir (Alexandre Borges) são dois palhaços vagabundos que se encontram no fim do mundo, na encruzilhada entre a paralisia e a tomada da ação. Enquanto esperam Godot, embora não saibam quem ou o que é, a dupla se encontra com as personagens que passam pela estrada: Pozzo – O Domador (Ricardo Bittencourt), Felizardo – A Fera (Roderick Himeros) e O Mensageiro (Tony Reis), que traz notícias inquietantes que podem determinar a perpetuação da inércia ou a libertação total da paralisia numa reviravolta absurda.
Mas afinal, até quando Esperar Godot?
eu abro a porta
não era nada
não é ninguém
Godot não vem
(…)
já esperei
estou no fim
e enfim
cheguei
Trecho de Cacilda!  
Dramaturgia de Zé Celso &  Marcelo Drummond  
serviços
Esperando Godot
de Samuel Beckett
Local: Sesc Pompeia – Rua Clélia, 93 – Água Branca, São Paulo, SP
dias: 30, 31/03; 1º, 2, 3, 6, 7, 8, 9, 10, 14, 16, 17/04
horário: quarta a sábado, 19h. domingo, 17h. (15/04, feriado da Sexta-feira Santa, não haverá apresentação)
ingressos: R$ 40 (inteira), R$ 20 (credencial plena do Sesc: trabalhador do comércio de bens, serviços e turismo matriculado no Sesc e dependentes e meia: estudante, servidor de escola pública, + 60 anos, aposentados e pessoas com deficiência).
Duração: 3H30 (com intervalo de 15 minutos)
Indicação etária: 18 anos
Venda online a partir de 22 de março, terça-feira, às 14h.
Venda presencial nas unidades do Sesc SP a partir de 23 de março, quarta-feira, às 17h.
Protocolos de segurança
Pessoas com mais de 12 anos deverão apresentar comprovante de vacinação contra COVID-19, evidenciando DUAS doses ou dose única para ingressar em todas as unidades do Sesc no estado de São Paulo. O comprovante pode ser físico (carteirinha de vacinação) ou digital e um documento com foto.
O uso da máscara é obrigatório em todos os espaços fechados da Unidade.
Sesc Pompeia
Rua Clélia, 93.
Não temos estacionamento.
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Para credenciamento, encaminhe pedidos para imprensa@pompeia.sescsp.org.br
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