Espetáculo aborda um dos maiores dilemas de casal moderno: ter ou não filhos em um mundo em constante degradação. Espetáculo estreia dia 28 de maio no Espaço Elevador.
São Paulo vai ganhar uma montagem inédita da premiada peça inglesa Pulmões, escrita por Duncan Macmillan. A versão brasileira é dirigida por Fernando Vilela, que também assina a direção de arte, e estrelada pelo casal de atores Raquel Bertani e Roberto Nardocci. As sessões acontecem de 28 de maio a 19 de junho, aos sábados e domingos, no Espaço Elevador.
Lançada em 2011, Pulmões recebeu o prêmio Off West End 2013 de Melhor Nova Peça. Em 2020, ganhou uma nova montagem com Claire Foy e Matt Smith, astros da série The Crown. A versão foi elogiada pela crítica e rendeu a Foy o prêmio de melhor atriz no WhatsOnStage Awards.
A peça acompanha um casal que enfrenta um dos maiores dilemas de quem leva uma vida a dois: ter ou não um filho. A decisão se torna ainda mais complexa diante dos problemas enfrentados pelo mundo, como aquecimento global, crises econômicas, instabilidade política e ansiedade geral, e os questionamentos que esses temas despertam nos dois.
Mesmo escrito há 11 anos, o texto é extremamente atual e reflete muitos dos anseios que a sociedade vive ainda em 2022, despertados durante a pandemia de Covid-19. Por conta dessa força e atualidade, Vilela levará aos palcos o texto integral de Macmillan.
“É um autor feroz, mas muito sensível ao seu tempo, que procura abrir debates e diálogos com os atravessamentos do mundo contemporâneo cheio de questões. São nesses impasses, sobre o futuro, sobre conseguir estar de pé, sobre aguentar e suportar, sobre superar, que suas obras se fortificam, se mostram ainda mais necessárias e atuais. Os textos de Duncan Macmillan fazem muito sentido com esse nosso ambiente de pós-pandemia, de crise, de incerteza. É no meio desse assombro, dessa ruptura que apontaremos um novo sentido. Há futuro”, diz Vilela.
Momentos de drama e tensão vividos pelos personagens, impactados por problemas da vivência em uma metrópole contemporânea, são mesclados com respiros de humor. “É uma montanha-russa, tem subidas, tem quedas, trechos mais longos, mais curtos. Um ensaio bem parecido com a vida”, avalia o diretor.
Uma avalanche e o papel do público
Pulmões é grandiosa em seu texto, mas sua estrutura é absolutamente enxuta: dois atores, um único cenário e diversas cenas. Neste tempo-espaço, os personagens vivenciam as mais diversas experiências, desde as corriqueiras às mais profundas, acompanhados de perto pelo olhar do espectador. Diante disso, o público precisa jogar junto com os personagens para montar o quebra-cabeças de cada situação.
“Ela tem uma estrutura muito desafiadora. São muitos desdobramentos, mas sem nenhuma indicação de tempo ou espaço. O público acompanha a trajetória desse casal a partir das circunstâncias em que eles vivem, suas discussões, suas dinâmicas, seus ritmos. E consegue compreender o todo a partir desses pontos”, explica o diretor. Sua estrutura dialoga com filmes recentes de embates de casais modernos, como História de um casamento (2019) e Malcolm e Marie (2021).
Quem dá vida a esse casal nos palcos são os atores Raquel Bertani e Roberto Nardocci, casal de longa data fora dos palcos e com experiência no teatro, no cinema e na televisão. Bertani é formada pelo Teatro Escola Célia Helena e integrou o elenco de As Aventuras de Poliana (SBT/ 2018-20); Natureza Morta (Cine Brasil TV/2017) e Guerra dos Sexos (Globo/2012-13). Nardocci, também formado pelo Teatro Escola Célia Helena, protagonizou o curta-metragem Repaired, exibido no festival de Cannes em 2016.
Foram justamente a carga dramática e as possibilidades que o texto proporciona aos atores que chamaram a atenção de Vilela. O diretor já havia trabalhado com Nardocci na peça Tape, em 2019, e no fim daquele ano, passou a buscar um texto que pudesse unir Nardocci e Bertani no teatro. Durante uma viagem a Londres, encontrou a peça de Macmillan.
A equipe começou a trabalhar no início de 2020 e pretendia lançá-la naquele ano. Com os adiamentos por conta da pandemia, eles passaram a discutir o texto por meio de encontros virtuais e se debruçaram sobre ele e suas possibilidades durante um ano inteiro. “Sabendo a potência desses dois atores, eu queria achar algo à altura deles. E o texto de Pulmões é perfeito”, conta Vilela.
Sobre Fernando Vilela
Ator formado pelo Teatro Escola Célia Helena, se formou em Design de Moda pelo Istituto Europeo di Design e cursou a faculdade de cinema na FAAP. Fernando dirigiu as montagens: Dolores, de Edward Allan Baker (2019); Tape, de Stephen Belber (2019); O Filho do Moony Não Chora, de Tennessee Williams (2018); Os Sobreviventes, de Caio Fernando Abreu (2016); E, recentemente, a montagem on-line de Tragédia: Uma Tragédia, de Will Eno (2021).
Como Ator, participou das montagens: Senta – sobre ser um ser humano, com direção e roteiro de Nelson Baskerville. Fortes Batidas, dramaturgia e direção de Pedro Granato. Vencedora de dois prêmios em 2015 (Prêmio APCA 2015 ‘Melhor espetáculo em espaço não convencional’ e o Prêmio São Paulo 2015 ‘Prêmio especial pela experimentação cênica’). Liberdade, Liberdade, de Flávio Rangel e Millôr Fernandes, com direção de Marcelo Lazzaratto
Ficha Técnica:
Dramaturgia: Duncan Macmillan. Direção: Fernando Vilela. Elenco: Raquel Bertani e Roberto Nardocci. Iluminação: Gabryel Matos. Direção de arte: Fernando Vilela. Produção executiva: Renata Reis.
Serviço:
Espetáculo Pulmões
Estreia dia 28 de maio, sábado, às 20h no Espaço Elevador.
Temporada: Sábados às 20h e domingos às 19h. Até 19 de junho.
Classificação: 16 anos.
Duração: 120 minutos.
Ingressos: R$60 e R$30
Espaço Elevador
Rua Treze de Maio, 222 – Bela Vista.
Informações 11 3477 7732.
Capacidade: 52 lugares.