Com direção de Sidnei Caria, espetáculo cômico-musical narra a jornada épica-histórica de parasitas desbravadores que conquistam e ocupam um território não-civilizado: o corpo de uma vaca
“Ninguém sabe de onde eles vieram. E eu também não quero nem saber. Pra mim seria bem melhor se eles nem chegassem a nascer. Tantas estrelas salpicadas no céu, cheias de brilho e cores… Será então que eu sou a única com sete bilhões de sugadores? Não finja que não é com você, nem tente disfarçar. O parasita é só uma imagem mas é de vocês que agora eu vou falar!”
(trecho de abertura da música “A Terra conta”, abertura do espetáculo Vacamundi)
O Maracujá Laboratório de Artes estreia o espetáculo adulto Vacamundi, que marca a quarta parceria da companhia com o premiado autor e ilustrador Michele Iacocca.
A peça tem seis apresentações gratuitas ao ar livre nos Teatros Arthur Azevedo, Paulo Eiró e Alfredo Mesquita, entre os dias 2 e 17 de julho, sempre aos sábados e domingos, às 17h. A direção é de Sidnei Caria, que também está no elenco ao lado de Dani Theller, Lucas Luciano, Luiã Borges, Nayara Konno e Silas Caria.
Diferentemente das peças anteriores em parceria com Iacocca (As aventuras de Bambolina, Rabisco – um cachorro perfeito e Nerina, a ovelha negra), que adaptavam livros infantis sem palavras, desta vez, o grupo transpõe para o teatro uma história voltada para os públicos jovem e adulto.
Vacamundi é uma sátira em formato de cartum que discute o comportamento destrutivo do homem consigo mesmo e com a natureza, ao retratar parasitas que se propõem a invadir e colonizar uma vaca. O nome da peça é, segundo o próprio autor, uma espécie de trocadilho com o termo “mapa mundi”, deixando bem claro que os parasitas não estão só na vaca, mas ocupam todos os recantos do planeta Terra.
Publicado pela primeira vez em 1984, o livro tem como protagonistas diversos parasitas – endos, ectos e etc – que se encontram no processo de colonização de uma vaca. E, apesar de seus quase 40 anos, a obra se mantém bastante atual, pois explora diversas situações relacionadas à finitude de nossos recursos naturais e sua utilização de forma descontrolada. Prova disso é que o quadrinho acaba de ser relançado pela editora Faria e Silva sem praticamente nenhuma atualização.
Para contar essa história, o Maracujá criou um espetáculo cômico-musical adulto, partindo da principal característica de seus outros trabalhos: a plasticidade visual. O grupo explora os traços do cartunista na criação de bonecos de manipulação direta e adereços cenográficos. Além disso, incluir no processo de criação outros elementos já pesquisados pelos artistas, como o teatro físico e a música ao vivo.
Inspirado pelo teatro de revista, o diretor Sidnei Caria criou várias canções originais que retratam de forma irônica aspectos diversos desse processo de colonização, com arranjos instrumentais feitos por Luiã Borges e arranjos vocais criados por Yasmin Olí. Tudo isso é cantado e tocado ao vivo (com instrumentos como violão, acordeon, teclado e percussão) pelo elenco.
Em cena, os artistas ainda se revezam para interpretar os diversos personagens dessa “saga nada heroica”, como o chefe do bando, os parasitas enamorados e os sugadores e mordedores. Completando a composição destes parasitas, os figurinos de Luciano Ferrari propõem uma releitura dos personagens desenhados pelo cartunista, trazendo texturas, cores e desenhos que auxiliam na construção da fisicalidade e comicidades propostas pelo diretor e adaptador do texto.
O espetáculo foi contemplado pelo ProAC 01/2021 de Produção e Temporada de Espetáculos Inéditos de Teatro, realizado pelo Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Economia Criativa.
Sinopse
Baseado na obra de Michele Iacocca, Vacamundi conta a jornada épica-histórica da conquista e ocupação, por “valentes” parasitas desbravadores, de um “território não-civilizado”: uma vaca. Para contar essa saga, o Maracujá Laboratório de Artes criou um espetáculo cômico-musical que mostra, de forma irônica, os parasitas que ocupam não só a vaca, mas o nosso planeta Terra.
Ficha Técnica
Baseado no livro em quadrinhos do autor Michele Iacooca
Adaptação, concepção e direção: Sidnei Caria
Assistente de direção: Lucas Luciano
Elenco: Dani Theller, Lucas Luciano, Luiã Borges, Nayara Konno, Sidnei Caria e Silas Caria
Direção Musical: Sidnei Caria
Trilha sonora e arranjos instrumentais: Luiã Borges
Preparação Vocal e Arranjos Vocais: Yasmin Olí
Músicas: Sidnei Caria
Técnico de som: Edézio Aragão
Preparação Corporal (oficina de Commedia Dell’Arte): Lucas Luciano
Direção de Arte e Cenografia: Sidnei Caria
Equipe de Confecção de cenografia, bonecos e adereços cenográficos: Sidnei Caria, Lucas Luciano, João Caria e Silas Caria
Figurinos e adereços: Luciano Ferrari
Confecção de adereços: Tetê Ribeiro
Coordenação de Produção, administração e design gráfico: Camila Ivo
Assessoria de Imprensa: Pombo Correio
Fotografias: Cacá Diniz e Maracujá Laboratório de Artes
Ilustrações: Michele Iacocca
Realização: Maracujá Laboratório de Artes (Laboratório de Artes Produções)
Espetáculo contemplado com o ProAC 01/2021, da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo.
Serviço
Vacamundi, do Maracujá Laboratório de Artes
Ingressos: grátis, distribuídos uma hora antes de cada apresentação
Duração: 75 minutos
Classificação: Não recomendado para menores de 10 anos
Teatro Arthur Azevedo – Área externa
Avenida Paes de Barros, 955, Alto da Mooca
Apresentações: 2 e 3 de julho, no sábado e no domingo, às 17h
Praça do Teatro Paulo Eiró – Área externa
Avenida Adolfo Pinheiro, 765, Santo Amaro
Apresentações: 9 e 10 de julho, no sábado e no domingo, às 17h
Teatro Alfredo Mesquita – Área externa
Avenida Santos Dumont, 1770, Santana
Apresentações: 16 e 17 de julho, no sábado e no domingo, às 17h
Sobre o Maracujá Laboratório de Artes
O nome Maracujá Laboratório de Artes foi escolhido pelo grupo porque resume sua proposta artística: a escolha pela “fruta da paixão” foi inspirada por um pé de maracujá que existia na sede da companhia e representa a paixão do grupo em pesquisar novas possibilidades a cada trabalho, mesclando sempre diversas linguagens para tentar criar espetáculos tão singulares quanto sua flor, de beleza única. As palavras Laboratório de Artes reforçam essa vocação do grupo em ser um espaço de experimentação artística, que se inspira na contemporaneidade para suas criações.
Em 2022 o grupo comemora seus 17 anos de existência, tendo como premissa, desde sua fundação, a pesquisa da plasticidade visual da cena, criando espetáculos em que o teatro, artes visuais e audiovisuais fundem-se para criar narrativas lineares, com ou sem palavras, onde o ator é o agente principal na fusão destes elementos. O grupo possui 6 espetáculos premiados: “As Aventuras de Bambolina”, coprodução com a Pia Fraus (APCA 2008 de melhor ator em teatro infantil para Sidnei Caria e Prêmio FEMSA 2008 de melhor direção); “Rabisco – um cachorro perfeito” (Prêmio FEMSA 2010 de melhor adaptação); “O Buraco do Muro” (Prêmio FEMSA 2013 de melhor cenografia, indicado como melhor espetáculo infantil nacional pelo Prêmio Arte Qualidade Brasil 2013 e indicado como melhor espetáculo pelos prêmios FEMSA e CPT); “E.Terra” (contemplado com o ProAC de montagem em teatro infantil); “SPon SPoff SPend” (convidado a estrear na Mostra Oficial de Teatro do FIT Curitiba 2015) e “Nerina, a ovelha negra” (Prêmio Aplauso Brasil de melhor espetáculo infantil, APCA 2017 de melhor iluminação para Marisa Bentivegna e de melhor direção musical para Fernanda Maia – ambas pelo conjunto da obra). Em 2021 o grupo estreou seu primeiro espetáculo online, “Sonhei que era Gulliver”, uma releitura do clássico As viagens de Gulliver, com direção de Sidnei Caria, criada a partir do ProAC LAB 52/2020 (prêmio por histórico de realização). E para 2022 o Maracujá prepara a estreia de dois espetáculos: “Quim & Tal”, espetáculo presencial para todas as idades com direção da premiada diretora Cris Lozano, e “Vacamundi”, uma adaptação do livro homônimo do autor, ilustrador e cartunista Michele Iacocca, que marcará a quarta parceria do grupo com o autor, desta vez, partindo de uma linguagem cômica e voltada ao público adulto, o que abre um novo leque de pesquisas aos integrantes da companhia, sem deixar de lado a música e a plasticidade visual já trabalhadas pelo Maracujá. O grupo também atua nos bastidores, desenvolvendo cenografia, adereços, figurinos e bonecos para diversos grupos teatrais e eventos.
O Maracujá já foi contemplado com diversos editais, como FUNARTE Myriam Muniz, CAIXA Cultural, SESI (Arte Educação, Viagem Teatral e Territórios da Arte), Prêmio Zé Renato, ProAC, entre outros. Participou de eventos como Virada Cultural, Mostra Melhores do Ano – São Paulo, Circuito São Paulo de Cultura, Circuito Paulista de Artes, Mostra SESC de Teatro de Animação e Festivais como FIT Rio Preto, Festival Internacional de Teatro de Curitiba, FitaFloripa, FILO (Festival de Teatro de Londrina), Festival de Férias do Teatro Folha, Festival Internacional de Teatro de Bonecos de Belo Horizonte, FENTEPP (Festival de Teatro de Presidente Prudente), Festival de Arte para Crianças, entre outros.
Participou da fundação do Galpão dos Lobos (2017-2022), um espaço cultural formado por companhias paulistanas de teatro para todas as idades, que recebeu menção honrosa do Prêmio APCA em 2017, pelo espaço de formação e resistência inaugurado no bairro do Ipiranga para o público de todas as idades.
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