Apresentações gratuitas acontecerão nos próximos dias 03, em São Paulo (SP), e 04, em São Luís (MA); eventos serão em comemoração ao Dia da Amazônia.
O espetáculo inédito Ventanias, dirigido pela cantora, compositora e percussionista Anelis Assumpção, terá suas duas primeiras apresentações gratuitas no festival Baile na Terra (SP) e Resistência (MA) e acontecerão em celebração ao Dia da Amazônia (05/09). O encontro é um intercâmbio artístico e contará com as presenças de Djuena Tikuna, As Suraras do Tapajós, primeiro grupo de carimbó de mulheres indígenas, e Anelis Assumpção, filha de Itamar Assumpção, com apresentação de quatro músicas por artista e outras cantadas juntas pelo grupo.
O show acontecerá às 14h, do dia 03 de setembro, no Tendal da Lapa (SP), e às 17h, do dia 04 de setembro, no Parque do Rangedor (MA).
Segundo Anelis Assumpção, Ventanias é um manifesto de intercâmbios, dentro de um processo de conexões entre diferentes artistas, ativistas e organizações pró Amazônia. “O nosso objetivo é aproximar as culturas, despertar desejos e envolvimento, facilitando conexões, laços e afetos entre cidades e florestas”.
Um destaque da atração será o dueto formado por Djuena e Anelis que cantarão “Nega Música” do pai e cantor Itamar de Assumpção. Djuena na língua indígena tikuna e Anelis em português.
As Suraras do Tapajós acreditam que o papel da cultura para a transformação é fundamental neste momento. “O que queremos é usar nossa arte para que as pessoas conheçam a Amazônia da perspectiva de quem vive nela e possam assim protegê-la. Trazemos para o Ventanias músicas autorais, no qual cantamos o nosso Sagrado e a força dos nossos ancestrais. Temos no carimbó uma forma alegre de se levar a luta dos povos indígenas, carregamos no nosso canto a ligação com o rio e a floresta que são nosso sopro de vida, e que agora é levado com os ventos para uma grande vivência da musicalidade”.
“Para mim é uma honra estar participando desse projeto Ventanias / Buane’cü, que traz essa força das mulheres”, enfatiza Djuena Tikuna. “Vamos mostrar que a música é isso, ela ecoa, é ventania que traz o cantar e leva para longe a mensagem de que nós existimos e resistimos. O canto das mulheres é sagrado, pois traz consigo a força da vida. Por isso cantamos, para fazer nascer o amor. Eis o sopro da vida que nos acalenta com o seu canto de mulher”, complementa a cantora, uma das principais vozes da música indígena do Brasil.
Anelis enfatiza que “o Ventanias é um intercâmbio das vozes femininas pela proteção das florestas e dos povos que moram nos estados da Amazônia Legal. Assim como as raízes que se alargam e se cruzam sob a terra, dividindo o alimento e a água necessária para que chegue até a copa, As Suraras do Tapajós, Djuena Tikuna e eu enlaçamos nossas histórias, criando um imaginário de novas narrativas nessa imensidão de terra e culturas que é o nosso Brasil. Somos árvores nativas”.
O encontro artístico Ventanias é parte de um projeto de intercâmbios promovido pelas associações Condô Cultural e Concertação. Condô Cultural (Instituto Cultural Mundo Novo), fundada em 2010, é uma organização da Sociedade Civil de Interesse Público — OSCIP, credenciada como ponto de cultura que realiza diferentes produções sociais, culturais, educacionais e políticas, promovendo a criação e a experimentação. A produção artística e a programação são realizadas de forma independente em conjunto com os associados, e conta com a contribuição livre e consciente do público. Já o Concertação é uma rede formada por pessoas, instituições e empresas com o propósito de buscar soluções para a conservação e o desenvolvimento sustentável da Amazônia. Atualmente, são mais de 400 lideranças engajadas em um espaço democrático para que as dezenas de iniciativas em defesa da Amazônia se encontrem, dialoguem, aumentem o impacto de suas ações e gerem novas propostas e projetos em prol da floresta e das populações que vivem na região.
Ventanias – quem é quem
Djuena Tikuna – nascida em 1984, a cantora indígena do Amazonas, Djuena (a onça que pula o rio) Tikuna, formada em jornalismo, iniciou sua carreira artística ainda na infância. Aos 33 anos, ela se tornou a primeira indígena a protagonizar um espetáculo musical e lançou o álbum Tchautchiüãne. Realizou também, a primeira Mostra de Música Indígena – WIYAE do seu Estado. Todas as suas composições estão em tikuna, nome do povo e da língua dos ameríndios que habitam a zona fronteiriça entre o Brasil, Colômbia e Perú. Djuena já levou a música de grupos de mulheres e povos originários em turnê pelo Brasil, possibilitando que sua disseminação fosse além dos grandes centros, com a qualidade e diversidade da música brasileira. Em 2016, Djuena cantou o hino brasileiro na língua Tikuna em uma abertura de Olimpíadas. A “onça que pula o rio” também já realizou uma série de concertos em São Paulo com Magda Pucci, cantora e pesquisadora de música indígena. Ela também já participou do primeiro festival de música indígena do Brasil, o YBY Festival, e foi a primeira artista a ser nomeada para o Indigenous Music Awards, em 2018, na categoria de Melhor Artista Indígena Internacional, pelo álbum Tchautchiüãne.
Suraras do Tapajós – em abril de 2018 surgiu o primeiro grupo de carimbó do Oeste do Pará, composto somente por mulheres e o único do Brasil, somente de mulheres indígenas. Suraras do Tapajós coloca a figura feminina em evidência, mostrando que a mulher pode ocupar todos os espaços. Além do tradicional carimbó de artistas paraenses consagrados, o grupo apresenta ainda, músicas autorais e composições em Nhengatu — língua geral falada pelos povos do Baixo Tapajós.
A música é trabalhada como forma de resistência, fazendo com que a voz dos povos indígenas ecoe muito além de seus territórios. No dia 19 de dezembro de 2020, as Suraras do Tapajós lançaram seu primeiro videoclipe, com a canção Suraras da Beira do Rio, e em 2021 foi a vez de mais um momento histórico marcar a trajetória do grupo musical, lançamos o primeiro álbum musical, kirībasáwa Yúri Yí-tá — A Força Que Vem Das Águas. São oito faixas musicais disponíveis em todas as plataformas digitais.
Anelis Assumpção – compositora, percussionista e intérprete, Anelis Assumpção convive desde sempre com a música, seja acompanhando a banda do pai (o músico Itamar Assumpção, falecido em 12 de junho de 2003), seja como integrante da Banda Dona Zica, forte referência da nova música paulistana atual. Como artista independente, já lançou três discos autorais: “Sou Suspeita, Estou Sujeita, Não Sou Santa” (2011); “Amigos Imaginários” (2014) — que lhe
rendeu o prêmio Deezer de Artista do Ano (2014) e o prestigiado prêmio APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte) para Melhor Artista Revelação, no ano de 2015; e “Taurina’, lançado em fevereiro de 2018 e premiado como melhor disco do ano e melhor capa pelo Prêmio Multishow 2018.
Anelis gosta das palavras e as palavras gostam dela. Nas suas redes sociais, vem ampliando um diálogo cada vez mais profundo com seu público, especialmente mulheres negras. Atualmente, Anelis também é diretora-geral do Museu Itamar Assumpção, primeiro museu virtual de um artista negro brasileiro e acaba de lançar seu primeiro livro , ‘Serena Finitude’, pela Oh!Editora, o selo infantojuvenil da Editora Veneta.
O Baile na Terra — Todos pela Amazônia contará ainda com as atrações: DJ Eric Terena, Silvan Galvão e banda, Saulo Duarte, Zek Picoteiro, Jaloo e encerramento da cantora e atriz Gaby Amarantos. Já Resistência terá: Criolina, Bateria dos Onça, Bloco Só Safados, Radiola, Bare de Casco, Boi de Pindaré, entre outros. Mais informações sobre o festival está neste link
Serviço: | |||
|