A mostra reúne obras concebidas para serem tocadas, manipuladas e experimentadas pelo público em visitação gratuita;
Trabalhos permitem vivências plurissensoriais, a partir de diversas linguagens como artes visuais, música, literatura e cultura popular ganham espaço na exposição,
São Paulo, setembro de 2022 – Imagine entrar em um espaço onde está instalada sobre uma parede de 19 metros a história Chapeuzinho Vermelho, sem texto, e narrada por pictogramas gráficos. Imagine se sentar numa cadeira e receber um banho de canto. Já passou pela sua cabeça escutar uma música que goteja? E visitar um zoológico de bichos tipográficos? Essas são algumas operações possíveis de serem vivenciadas na exposição “Cria _experiências de invenção”, em cartaz no Espaço de Exposições do Centro Cultural Fiesp (CCF) até 19 fevereiro de 2023.
Com curadoria de Marconi Drummond, CRIA reúne esculturas sonoras, máquinas-livro, fotografias, jogos ancestrais, poesia visual, videoarte, intervenções gráficas, entre outras manifestações. O título da exposição é baseado nas palavras criação, criança e cria – significados conectados à criatividade e como sinônimo de filhote. “CRIA já anuncia no seu nome a potência da (re)invenção e solicita um espectador emancipado”, comenta o curador.
Segundo o curador, diferente da maior parte dos adultos, que alimentam a ideia da arte intocável e até mesmo inacessível, as crianças são movidas pela curiosidade e pela capacidade investigativa, livres de prejulgamentos. “Elas são inusitadas e imprevisíveis”, observa Marconi.
A ideia, inclusive, é que os adultos percebam em CRIA novas maneiras de se relacionar com a arte contemporânea – observando e trocando experiências com os pequenos. “As crianças são devotas do experimento e acabam provocando os adultos a vivenciar a arte de uma forma mais livre”, observa o curador.
A exposição CRIA permite diferentes percursos e contará com uma equipe de educadores para mediar a experiência do público.
MÚLTIPLAS LINGUAGENS
CRIA é mais que uma exposição de artes visuais ao permitir vivências plurissensoriais e o acesso a diferentes saberes culturais, com elementos da música, da literatura, das artes visuais e das invenções populares.
Um exemplo é “Banho de Canto” (2017), obra-oficina de autoria de Stela Barbieri, que é ativada em coparticipação com o público. Um banho sonoro, constituído de muitas vozes e múltiplas sonoridades, na qual a presença de um participante no centro da obra inspira o grupo em torno a cantar e tocar, desenhando movimentos circulares.
“Conta Gotas” (2013), obra concebida pela dupla de artistas Nelson Soares e Marcos Moreira, conhecidos como O GRIVO, consiste na suspensão de buretas – tubos de vidro com controle para vasão de líquidos – que gotejam água.
As gotas percutem nos cilindros de vidro que acomodam tamborins no seu interior, chamando a atenção pela diversidade de sons simultâneos e com alterações de timbre que resultam em diferentes combinações sonoras.
A artista suíça Warja Lavatar (1913-2007), ficou conhecida por narrar e ilustrar clássicos infantis usando símbolos e não palavras. Em “Le petit chaperon rouge” (Chapeuzinho vermelho), a clássica história adaptada por Charles Perrault, é narrada por sinais gráficos, ausentes de texto. Os personagens e elementos textuais são substituídos por pontos e formas coloridas.
A obra estará presente na exposição em duas versões: com o exemplar original editado em 1965 e o com livro espacializado sobre uma parede de 19 metros de comprimento. “Ao utilizar signos visuais não verbais essa obra costuma gerar uma empatia muito grande no público”, aponta o curador.
Os animais, naturalmente, despertam o interesse das crianças. Na exposição CRIA, muitos trabalhos fazem alusão aos bichos e um deles pode ser conferido antes mesmo do visitante ingressar na galeria. A obra “Tropelia” (2019), de Regina Silveira, apresenta pegadas de diversas espécies adesivadas pelo chão. A obra permite também que os visitantes produzam suas próprias pegadas.
Já em “Bichos Tipográficos” (1996/2019), uma espécie de zoo tipográfico, o público confere vídeospoemas que apresentam os bichos em forma de palavras ou palavras no formato de animais. Segundo o artista Guilherme Mansur, nessas obras “as letras exploram os sons, os corpos e o jeito de ‘se virar’ de cada bicho.”
O “Jogo da Onça” (s/data) é um jogo ancestral conhecido em várias partes do mundo, mas em cada país apresenta nomes diferentes: bhaga chal (Nepal) e lau kati kata (Índia). No Peru, as peças representam o puma e os carneiros. Na Índia, tigre e cabras e, no Brasil, a onça e os cachorros.
PRODUÇÃO E ARTISTAS
CRIA_experiências de invenção reúne 31 trabalhos dos seguintes artistas: Cao Guimarães, Guilherme Mansur, Guto Lacaz, O Grivo, Origem (Patrícia Sabino e Maurício Lima), Regina Silveira, Stela Barbieri, Warja Lavater, Cássia Macieira, Bruno Rios, além dos fotógrafos José Medeiros, Otto Stupakoff e Thomaz Farkas.
Confira imagens e descritivos de todas as obras em: www.agenciagalo.com/cria
CRIA _experiências de invenção
Período: de 14 de setembro de 2022 a 19 de fevereiro de 2023
Local: Centro Cultural Fiesp / Espaço de exposições
Endereço: Avenida Paulista, 1313 – em frente à estação Trianon-Masp
Horários: quarta a domingo, das 10h às 20h
Entrada gratuita.
Mais informações em www.sesisp.org.br/cultura
Agendamentos de grupos e escolas: ccfagendamentos@sesisp.org.br