Em homenagem ao cantor, projeto Balanço afiado aprofunda detalhes da sua obra e vai lançar livro
No dia 22 de março, Jorge Ben faria 84 anos de idade, e para homenagear o aniversário do lendário músico brasileiro, os pesquisadores Allan da Rosa e Deivison Faustino realizam rodas de conversa com jovens e professores em diferentes espaços da periferia de São Paulo. Além disso, em breve também lançam novo livro sobre uma aprofundada pesquisa de sua obra sob o aspecto da negritude.
Mas o que isso quer dizer? Segundo os pesquisadores, apesar da considerável quantidade de pesquisas a respeito da obra do músico, ainda é incipiente a discussão sobre os inúmeros aspectos da profunda negritude de sua música, ou seja, sobre as muitas contribuições de imaginários, técnicas, sonoridades e vertentes ancestrais africanas em sua criação. Por isso, os autores Allan da Rosa e Deivison Faustino idealizaram um projeto que apresenta as histórias e os detalhes da obra de Jorge Ben, com a produção de um livro, uma vídeo-aula e de rodas de conversas em diversos espaços públicos da periferia de São Paulo, que estão sendo realizadas durante o mês de março.
O estudo tomou a obra do Ben como ponto de partida para problematizar a particularidade e a universalidade da música e das culturas afro nas suas diásporas pelo Brasil, Caribe, Estados Unidos e por todas as beiradas do Atlântico. Assim, foi possível refletir sobre temas como tradição, corpo, modernidade, política institucional e cotidiana, racialização, negritude, masculinidade, identidade e culturas brasileiras. “Mas, como nos instiga o próprio músico e estudioso Jorge Ben, dialogamos sobre ciência, acústica, física quântica, mitologias kemética e grega articulados às noções de pretuguês e de novo humanismo, propostas por Lélia Gonzalez e Frantz Fanon. Ou seja, buscamos contemplar na pesquisa e na escrita a Alquimia, tema nobre e tão corrente na vida e na obra do músico”, acrescentam.
O livro (no prelo), cruza legados de pensamentos políticos e de movimentos estéticos pretos, atualizando, reconsiderando e ampliando os estudos sobre a obra do músico. “A intenção é contribuir com o campo dos estudos da arte, do imaginário e da política negra e questionar as ideias que se firmaram como pensamento nacional moderno por aqui. Apresentar à nossa sociedade uma obra de arte que nos alimente e que componha, também em si, a história das reflexões firmes, dinâmicas e versáteis compostas por antigas e contemporâneas cabeças pretas”, dizem os autores.
Abaixo, datas e endereços das rodas de conversas:
06/03 – 14h30 – Roda de Conversa no Ceu Vila Atlântica: Rua Cel José Venâncio Dias, 840 – Vila Jaraguá.
10/03 – 15h – Casa do Hip Hop Zona Sul – Rua Sant’Ana, 201 – Vila São Pedro
11/03 – 9h15 – Quilombaque – Travessa Cambaratiba, 05 Perus (próximo da Estação Perus).
14/03 – 17h – Biblioteca Jayme Cortez (CCJ) – Av. Dep. Emílio Carlos, 3641, Vila dos Andrades
22/03 – 14h – Biblioteca Paulo Duarte – Rua Arsênio Tavolieri, 45, Jardim Oriental, Jabaquara.
24/03 – 19h – Ocupação Matheus Santos – Av Paranaguá, 1633 – Ermelino Matarazzo
24/03 – 19h – Ocupação Coragem – Rua Vicente Avelar, 53 – Conjunto residencial José Bonifácio
25/03 – 10h – Uneafro – Rua Oldegard Olsen Sapucaia, 173, Jardim Miriam.
Sobre os autores: Allan da Rosa e Deivison Faustino são autores que há duas décadas escrevem obras de arte e teóricas e realizam atividades centradas à cultura negra e suas estéticas e políticas, principalmente nas periferias da cidade, mas também presentes em campos como a universidade, as políticas públicas nas áreas da saúde e da educação, além das mídias televisivas e radiofônicas.