Exposição com obras de artistas trans, travestis, pretos, indígenas e periféricos acontece na Cidade Tiradentes, extremo leste da capital paulistana

TirAção – exposição com obras de artistas trans, travestis, pretos, indígenas e periféricos – acontece durante o mês de maio no Centro de Formação Cultural Cidade Tiradentes. A entrada é gratuita. “Sabemos que na sociedade esses artistas estão à margem e, por isso, temos o dever de revelar o que a sociedade exclui”, afirma Lua Lucas, curadora do projeto.

Idealizado pela Cooperativa de Artistas, o mote da exposição é iluminar no centro da periferia a arte contemporânea produzida por pessoas transvestigêneres periféricas, marginalizadas pela sociedade. “TirAção é um processo coletivo interseccional de disputa de narrativas e ação de reparação histórica para corporalidades dissidentes, no campo elitista que é a arte visual contemporânea”, comenta Lua. A iniciativa nasceu em 2022, na Cidade Tiradentes, quando 15 artistas participaram durante dois meses de uma residência, onde foram produzidos lambe-lambes, música, faixas, figurinos, cortejos e a performance “Quem são seus heróis? Tiradentes foi um escravocrata”. Lua conta que desta vez as reflexões avançaram sobre a geografia das margens: “Por que quando pensamos em uma vernissage é impossível que a gente pense que ela aconteça numa quebrada? Se os artistas periféricos e favelados vivem processos de exclusão geográfica, por que não trazemos a exposição de arte para o extremo da zona leste e incentivamos a conexão de pessoas que possam dialogar com os jovens daqui e, ainda, impulsionar sua pesquisa e seu trabalho que estão normalmente apagados?”. Na segunda edição, Ana Mogli Saura, Ashley Angel, Bioncinha do Brasil, Elix Rodrigues, Jhoweny Orun Soares de Miranda e Puri Yaguarete, junto com Lua Lucas, buscam elaborar novos paradigmas de arte na quebrada, formalizando tabus e problemas contemporâneos, como a religião, a marginalidade e a reciclagem em fotografias, filmes, instalações, performances e costura.