Katia Canton une arte, contos de fadas e psicanálise na exposição “O Bosque e a Palavra”

A mostra convida o público a mergulhar em uma experiência provocadora, que estimula a reflexão e o autoconhecimento

Mágico, misterioso, com poder de cura e transformação, o bosque está sempre presente nos contos de fadas, sendo marcado como porta de embarque dos personagens em jornadas de autoconhecimento. É com essa proposta que A Estufa, em São Paulo, apresenta entre os dias 1 e 24 de junho a exposição O Bosque e a Palavra, da pesquisadora, artista visual e psicanalista Katia Canton, cuja abertura contará com apresentação musical do psicólogo, escritor e músico Thiago Romaro, a partir das 19h. Em três datas seguintes (5, 17 e 24/6), o projeto prevê os Acontecimentos, que são mesas-redondas de conversas transdisciplinares, envolvendo artistas, psicanalistas, cientistas debatendo e expandindo o tema proposto.

Com curadoria de Regiane Mendes e Bel Kook, o projeto convida o público a mergulhar em uma experiência provocadora, que estimula reflexões pessoais e coletivas. São mais de 50 obras criadas a partir de um diálogo com os mais de 30 anos de pesquisas e vivências, nas quais Katia Canton combina desenhos, pinturas e tapeçarias para transmitir conceitos psicanalíticos que, por meio da arte e das narrativas dos contos maravilhosos, se desdobram como num jogo lúdico.

Bosque é o lugar privilegiado dos contos de magia, seu ponto de mutação, onde os personagens percorrem um caminho de transformação definitiva.

João e Maria amadurecem ao serem deixados na floresta. Branca de Neve foge para o bosque e encontra os sete Anões. A Bela Adormecida vê seu reino transformado num grande e suspendo bosque, onde dorme por 99 anos.

Já a palavra é a possibilidade de narrar. É a memória, a comunicação, a construção da identidade e da cultura e, finalmente, o percurso de uma análise. Freud definiu a psicanálise como a “cura pela palavra”.

O Bosque e a Palavra convida cada um a adentrar um bosque singular e a realizar uma busca pela cura pessoal e coletiva, seja ela qual for.

Uma das ferramentas simbólicas utilizadas por Katia Canton em sua pesquisa é justamente seu material de desenho e pintura. Para realizá-lo ela faz uso de tinturas líquidas extraídas de chás, plantas e medicamentos, como iodo, rifocina, violeta genciana, azul de metileno, confrei, erva-mate, quebra-pedra, cúrcuma, entre outros que remetem a um processo de cura e transformação.

A temática da cura tem sido consistentemente abordada por Canton, desde 2016, em uma série de exposições nacionais e internacionais, como Castelos de Areia (Caixa Cultural, 2016), A Cura pelas Histórias (Galeria da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, 2018), Inventários de Cura (Museu de História Natural e da Ciência de Lisboa, 2020) e Pequenos Bosques de Cura (Centro Cultural Braço de Prata, Lisboa, 2022), além de sua pesquisa e seu curso, intitulado A Arte Cura? (MAM, 2022).

A artista e psicanalista também traz os contos de fadas como pano de fundo para reflexões mais aprofundadas sobre o papel da mulher na sociedade patriarcal e sobre como os contos continuam vivos no imaginário popular – seja como escape de uma realidade dura, seja como uma maneira de nutrir o encantamento e a esperança por um mundo melhor.

A mostra se configura como um projeto multidisciplinar, com acontecimentos, que se desdobram em eventos musicais, conversas, mesas-redondas.

Na abertura, no dia 1 de junho, às 20h, haverá o pocket show “Tranquilo e Só”, pelo psicólogo, músico e escritor Thiago Romaro, Três rodas de conversas com especialistas e referências nas áreas das artes, literatura, saúde e de representatividade dos povos originários irão dialogar sobre a arte como ferramenta de comunicação, saúde e articulação, além de pensá-la como possibilidade de resgate do autocuidado e acolhimento de indivíduos.

As mesas acontecem nos dias 5/6, segunda-feira, às 19h, dia 17/6, sábado, às 11h, e 24/6, sábado, às 11h, na Estufa.

O Bosque e a palavra | Katia Canton

*A Estufa – rua Wisard, 53, Vila Madalena – São Paulo.

*Abertura: 1 de junho, a partir das 19h, com apresentação musical do novo álbum, “Tranquilo e só”, do psicólogo, escritor e músico Thiago Romaro.

*Visitação: até 24 de junho

Rodas de Conversa

*5/6, segunda-feira, às 19h – Katia Canton, Renato Soares e João Frayse-Pereira

*17/6, sábado, às 11h – Christian Dunker, Adriana Rede e Cintia Buschinelli

*24/6, sábado, às 11h – Katia Canton, Regiane Mendes, Rita Alves e Vitor Pordeus

Sobre Katia Canton

Katia Canton é PhD em Artes Interdisciplinares pela New York University. É artista visual, psicanalista, escritora e professora do PGEHA USP. Estudou arquitetura, arte e dança e formou-se jornalista pela ECA USP, em São Paulo. Também cursou literatura e civilização francesas no curso superior da Universidade de Nancy II. Em 1984 transferiu-se para Paris, com uma bolsa de estudos de dança moderna no estúdio Peter Goss. Viveu em Nova York entre 1987 e 1994, onde realizou mestrado e doutorado em artes na NYU, como bolsa de estudos do CNPq. Fez lá também seu pós-doutorado em 2014.

Seu trabalho artístico é multimídia, incluindo desenho, pintura, fotografia e objetos, e conceitualmente se liga a questões sobre sonhos, desejos e narrativas. Tem realizado exposições em museus, galerias e instituições culturais no Brasil e no exterior, desde 2008.

Como autora, escreve livros sobre arte e publicou mais de 50 livros ilustrados para o público infantil e juvenil, tendo recebido vários prêmios, no Brasil e no exterior. Entre eles, por três vezes o prêmio Jabuti

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