“Luz nos Trópicos”, de Paula Gaitán, entra em cartaz no IMS Paulista

Exceção na programação do filme, a capital paulista recebe o longa por 6 dias.

Com mais de 4h de duração, as sessões proporcionam uma experiência cinematográfica e artística única para o público.

 

A partir do dia 21 de julho, “Luz nos Trópicos” poderá ser visto no IMS – Paulista em um único horário. Exceção na programação do filme que, no resto do Brasil, contará apenas com sessões únicas com a presença da diretora.

O filme percorrerá o Brasil com sessões especiais proporcionando ao público uma experiência única, de imersão sensorial e artística. Trata-se de uma estratégia inédita no Brasil, em que a distribuidora brasileira se inspirou no lançamento do filme “Memória”, de Apichatpong, que após um circuito em festivais, percorreu os EUA com sessões únicas e especiais.

A turnê começou dia 15 de julho, em São Paulo, com uma sessão no Cine Marquise, também em São Paulo e seguirá por diversas cidades brasileiras como Rio de Janeiro, Porto Alegre e Salvador.

A aclamada cineasta Paula Gaitán lança seu longa-metragem “Luz nos Trópicos” nos cinemas comerciais de todo o Brasil, após uma ampla jornada em festivais, que começou no 70º Berlinale Forum e percorreu inúmeros outros no exterior e no Brasil, dentre eles o 9º Olhar de Cinema – onde levou prêmio de Melhor Filme. Considerado o auge de uma jornada pessoal e criativa, o filme apresenta diferentes linhas do tempo, entrelaçadas pela cosmologia indígena, diários de viagem e literatura antropológica.

“Luz nos Trópicos” é um projeto de magnitude épica, com pouco mais de 4 horas de duração, Trata-se de um filme navegante, como um rio sinuoso. Um testemunho da rica vegetação das Américas e das populações nativas do continente, uma fusão intrincada de narrativas e estéticas, reforçando o talento de Gaitán como uma artista multidisciplinar, que rompe barreiras entre gêneros e alarga as fronteiras da percepção cinematográfica.

“A viagem fluvial foi inspirada pela expedição Langsdorff que refizemos parcialmente em 2018, muito menos ambiciosa que a expedição original. A grande inspiração para esse desafio, que é predominante na minha visão em ‘Luz nos Trópicos’, é a visão indígena, encarnada no personagem central do filme, Igor (Begê Muniz), que vai ao reencontro de seu povo, atravessa um continente congelado para retornar à sua aldeia localizada no Alto Xingu, na nação Kuikuro”, explica a diretora. 

A partir de uma perspectiva latino-americana, a obra propõe uma discussão entre a luz européia, representada na história da arte, e a luz tropical, manifestada pelas culturas nativas. Em suma, é uma representação bastante complexa e intrincada do embate entre visões de mundo completamente diferentes.

Com uma carreira artística e cinematográfica de fôlego, Gaitán consolidou-se como uma das mais importantes cineastas contemporâneas em atividade. Sua obra desafia a linguagem do cinema, não apenas como uma expressão da realidade, mas como um veículo para se conectar com o sensorial.

“É um projeto que tem sua origem em 2003, de volta ao Brasil depois de alguns anos na Colômbia, minha primeira pátria”, diz Paula. “Luz nos Trópicos se impregna desde o início de uma experiência pessoal, um projeto errante a partir de uma vida errante, como a minha, em constante deslocamento, em busca desse lugar de pertença tanto geográfica quanto esteticamente.“, complementa.

Em “Luz dos Trópicos”, Gaitán explora a relação entre seu olhar e o que é observado, servindo seu próprio fluxo de imaginação em relação ao mundo que a rodeia. Para o público é uma oportunidade única de apreciar o filme em tela grande e vivenciar o êxtase cinematográfico proporcionado pelo trabalho de Gaitán.

Ficha Técnica

Brasil | 2020 | Ficção | 260 min.

Direção, roteiro e montagem

Paula Gaitán

Direção de fotografia

Pedro Urano

Elenco

Carloto Cotta, Clara Choveaux, Begê Muniz, Kanu Kuikuro, Maíra Senise, Arrigo Barnabé, Vincenzo Amato, Daniel Passi, Erik Martincues, Nilton Amazonas, John Scott-Richardson, Jack Manley, Vitor Aurape Peruare, Carolina Virgüez, Paulo Nazareth

Produção Executiva

Vitor Graize

Produtores

Vitor Graize, Eryk Rocha, Paula Gaitán

Desenho de Som

Marcos Lopes, Tiago Bello, Paula Gaitán

Som Direto

Marcos Lopes

Direção de Arte

Diogo Hayashi

Figurinos

Maíra Senise

Maquiagem

Leon Gurfein

Assistente de Direção

Manuel Moruzzi

Produtora

Aruac Filmes

Coprodutora

Pique-Bandeira Filmes

Produtora Associada

FM Produções

Sinopse: Em Luz nos trópicos, a cineasta Paula Gaitán tece uma densa estrutura de histórias e linhas do tempo, enredada por cosmogonias indígenas, cadernos de viagem e literatura antropológica. O filme é um tributo à abundante vegetação das Américas e às populações nativas do continente. Um filme de navegação livre como um rio sinuoso.

Festivais e prêmios

Première Mundial – 70º Berlinale Forum

Lima Alterna Festival Int. de Cine – Prêmio de Melhor Filme Ibero Americano

9º Olhar de Cinema – Prêmio de Melhor Filme

Cámara Lúcida – Encuentros Cinematográficos (Equador, 2020)

14º CineBH – Mostra Internacional de Cinema de Belo Horizonte

24ª Mostra de Cinema de Tiradentes

18º DocLisboa

Cinema Brasileiro Anos 2010 – 10 Olhares (Brasil, 2021)

10ª Mostra Ecofalante de Cinema – Menção Honrosa

Filmadrid – Festival Internacional de Cine 2021

Frontera Sur – 4º Festival Internacional de Cine de No_Ficcion (Chile)

Sobre a diretora

Paula Gaitán nasceu em Paris, em 1954, e cresceu entre a Colômbia, o Brasil e a Europa. Seu pai, Jorge Gaitán Durán, foi poeta. Sua mãe, Dina Moscovici, foi escritora, diretora de teatro e cineasta. Rodeada por diferentes formas de arte e movendo-se constantemente de lugar em lugar, Paula transformou esse estado de motusperpétuo (para lembrar o título do último romance de sua mãe) no coração de seu trabalho artístico. No interior dos filmes de Paula, é possível reconhecer seu trabalho como poeta, como fotógrafa e

artista visual, sempre a irrigar seus gestos cinematográficos.

Povoados de fragmentos literários e imagens de arquivo, performances marcantes e usos extraordinários do som, experimentos abundantes com texturas e composições de cor, seus filmes frequentemente nos lembram que o cinema pode ser um lugar de fronteiras fluidas.

Seja em filmes, obras para a televisão, videoclipes ou instalações, o mundo de imagens moventes construído por Paula é uma força de deslocamento contínuo e troca infinita.

Em Uaka (1989), seu encontro com os povos indígenas do Xingu torna-se uma exploração sensorial da paisagem, potencializada por um exuberante trabalho com as cores resultantes da filmagem em 16mm. Em Diário de Sintra (2007), obra em que a cineasta revisita seus últimos meses passados com Glauber Rocha e seus filhos Ava e Eryk em Portugal no final dos anos 1970, a câmera funciona como uma espécie de instrumento tátil, esfregando superfícies e auscultando espaços, enquanto fragmentos de textos filosóficos, memórias e poemas preenchem a banda sonora. Em Vida (2008) e Agreste (2010), respectivamente dedicados às atrizes Maria Gladys e Marcélia Cartaxo, Paula desenvolve uma forma única de retratismo experimental, que terá continuidade em filmes como Sutis interferências (2016), É rocha e rio, Negro Leo (2019) e Ostinato (2021).

Gaitán se aproxima de artistas plásticos, músicos, atrizes e atores, e fabrica um método muito peculiar de estabelecer uma relação entre o retratado e a retratista, tomando emprestados aspectos formais da obra de quem é filmado e traduzindo-os em gestos cinematográficos. Em Sutis Interferências, tudo o que costuma ser descartado na banda sonora de um documentário – as

palavras sobrepostas, os momentos de desacordo, o barulho do ar-condicionado – é assumido por Paula como o tema principal do filme. Ela empresta o leitmotiv da interferência, presente na obra musical de Arto Lindsay, e o traduz para o cinema, trabalhando com uma fotografia altamente contrastada, abusando dos sons justapostos e de uma montagem em múltiplas camadas.

Seus filmes têm um aspecto aparentemente contraditório: são ao mesmo tempo etéreos e densamente físicos. Como em Noite (2014), são evocações imaginativas, mas ao mesmo tempo estão sempre enraizados no investimento do corpo, na materialidade das fotografias, nas texturas dos tecidos, na presença física da paisagem. Na instalação Se hace camino al andar (2021), o deslocamento se torna motivo visual e premissa fílmica, e a paisagem cresce como presença física ao mesmo tempo em que a duração

transforma a coreografia repetitiva em abstração.

Mesmo em ficções narrativas ambiciosas e robustas como Exilados do vulcão (2013) e Luz nos trópicos (2020), o desejo de contar uma história é sempre contrabalançado por um pulso experimental. Nesses filmes, o edifício ficcional ergue-se inteiro e altivo, apenas para desmoronar em mil pedaços. A construção minuciosa da cena dá lugar a um amálgama dissonante de performances, derivas na epiderme das coisas, variações abstratas. A impressão mais marcante diante desses filmes é a de uma obra orgulhosamente rasgada por dentro, cujas entranhas somos convidados a habitar. Paula Gaitán sempre praticou um cinema que eleva o esboço à mais alta densidade artística. Seus filmes são ao mesmo tempo precisos, extremamente rigorosos e capazes de produzir a impressão vívida de um ateliê aberto à invenção.

Na obra de Paula, para manter o vigor da descoberta, é preciso livrar-se de qualquer pretensão de totalidade.

Extraído do texto “Paula Gaitán: fronteiras fluidas,

amálgamas dissonantes”, de Victor Guimarães

Publicado originalmente no livro anual 

do Berliner Künstler Programm

do DAAD, Alemanha, 2022.

Sobre a distribuidora

Fundada em 2017 por Ibirá Machado, a Descoloniza Filmes nasceu com o propósito de equiparar a distribuição de filmes dirigidos por mulheres e que tragam novas propostas narrativas e temáticas, contribuindo com a construção de uma nova forma de pensar. Em 2018, a Descoloniza lançou o filme argentino “Minha Amiga do Parque”, de Ana Katz, vencedor do prêmio de melhor roteiro no Festival de Sundance, “Híbridos – Os Espíritos do Brasil”, de Priscilla Telmon e Vincent Moon, o chileno “Rei”, de Niles Attalah, vencedor do grande prêmio do júri no Festival de Roterdã, e “Como Fotografei os Yanomami”, de Otavio Cury. Em 2019 codistribuiu junto à Vitrine Filmes a obra “Los Silencios”, de Beatriz Seigner, e levou aos cinemas “Carta Para Além dos Muros”, de André Canto. Durante a pandemia, lançou diretamente no streaming os filmes “Saudade Mundão”, de Julia Hannud e Catharina Scarpellini, e “Castelo de Terra”, de Oriane Descout, retomando os lançamentos em salas no segundo semestre de 2021, com “Cavalo”, de Rafhael Barbosa e Werner Sales, “Parque Oeste”, de Fabiana Assis, e “Aleluia, o canto infinito do Tincoã”, de Tenille Barbosa. Em 2022 realizou os lançamentos de “Sem Rosto”, de Sonia Guggisberg, e “Gyuri”, de Mariana Lacerda, “Aquilo que eu Nunca Perdi”, de Marina Thomé, e “Êxtase”, de Moara Passoni. Em 2023 lançou “Muribeca”, de Alcione Ferreira e Camilo Soares, “Para’í”, de Vinicius Toro, e “Seus Ossos e Seus Olhos”, de Caetano Gotardo, e prepara os lançamentos de “Luz nos Trópicos”, de Paula Gaitán, “Para Onde Voam as Feiticeiras”, de Eliane Caffé, Carla Caffé e Beto Amaral, “Empate”, de Sergio de Carvalho, dentre outros.

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