Revisitando a História: Exposições “Brasil: Nunca Mais” e “Memória Argentina para o Mundo”
No feriado de 7 de setembro, o Memorial da Resistência de São Paulo receberá a abertura de duas exposições impactantes que abordam a luta pela democracia e os processos de resistência durante as ditaduras no Brasil e na Argentina. Com entrada gratuita, as exposições “Uma Vertigem Visionária – Brasil: Nunca Mais” e “Memória Argentina para o Mundo: o Centro Clandestino ESMA” oferecem uma reflexão profunda sobre os períodos de repressão em ambos os países latino-americanos.
“Uma Vertigem Visionária – Brasil: Nunca Mais”: Uma Jornada pela Memória
A exposição “Uma Vertigem Visionária – Brasil: Nunca Mais”, com curadoria do pesquisador e professor Diego Matos, remonta ao projeto homônimo que documentou a tortura durante a Ditadura Civil-Militar no Brasil (1964-1985). Com 400m² dedicados à mostra, o público poderá explorar os detalhes da iniciativa, que, entre 1979 e 1985, sistematizou e produziu cópias clandestinas de mais de 1 milhão de páginas dos processos do Superior Tribunal Militar (STM). O projeto, que revelou a extensão da repressão política no país, é complementado por depoimentos de advogados, jornalistas e defensores de direitos humanos envolvidos, cujos nomes foram mantidos em anonimato por muitos anos.
A exposição também apresenta obras da Coleção Alípio Freire, criadas por ex-presos políticos, e peças de renomados artistas brasileiros como Carmela Gross, Regina Silveira, e Rubens Gerchman, do acervo da Pinacoteca de São Paulo. Além disso, um mural de 100m² será ocupado por uma obra comissionada para a exposição, assinada por Rafael Pagatini, trazendo um olhar contemporâneo sobre as violências do Estado.
“Memória Argentina para o Mundo: o Centro Clandestino ESMA”: Reflexões sobre a Ditadura Argentina
Simultaneamente, a exposição “Memória Argentina para o Mundo: o Centro Clandestino ESMA” é uma itinerância do Museu Sítio de Memória ESMA em Buenos Aires. Esta mostra explora a história do ex-Centro Clandestino de Detenção, Tortura e Extermínio, que durante a última ditadura argentina (1976-1983) foi o maior centro de repressão do país, onde cerca de 5 mil pessoas foram detidas ou desaparecidas. Com 210m² dedicados à exposição, os visitantes poderão conhecer o passado sombrio do edifício e suas conexões com o presente, através de depoimentos e registros fotográficos.
A exposição é dividida em dois eixos principais: “Patrimônio do Nunca Mais”, que apresenta um vídeo institucional e painéis informativos sobre a ESMA, e “Ser Mulheres na ESMA”, que foca nas violências específicas sofridas pelas mulheres durante o regime, incluindo a maternidade na prisão e a solidariedade entre as presas. A mostra também inclui uma ocupação fotográfica do acervo Memoria Abierta, com imagens dos fotógrafos Daniel García e Eduardo Longoni, refletindo sobre a luta pela justiça e a preservação da memória.