O Museu do Ipiranga traz à tona um dos temas mais urgentes da atualidade em sua nova exposição temporária, “Onde há fumaça: arte e emergência climática“, que será inaugurada no dia 5 de novembro de 2024. A mostra reúne obras de artistas contemporâneos como Alice Lara, Bruno Novelli e Jaime Lauriano, ao lado de mestres consagrados como Benedito Calixto e Henrique Manzo, promovendo um diálogo entre o acervo histórico e criações contemporâneas que exploram a degradação ambiental e as crises climáticas.
Emergência Climática: Uma Reflexão Necessária
A exposição é uma provocação à ideia de progresso que ainda predomina em nossa sociedade, colocando em xeque o modelo de desenvolvimento que contribuiu para a atual crise climática. Com curadoria do grupo Micrópolis, formado por Felipe Carnevalli, Marcela Rosenburg e Vítor Lagoeiro, a mostra convida o público a refletir sobre o impacto da ação humana no meio ambiente, ao destacar a relação entre a urbanização, a exploração da terra e as consequências devastadoras que isso gerou ao longo da história do Brasil.
Segundo Vítor Lagoeiro, muitas das obras históricas do museu trazem indícios da degradação ambiental que enfrentamos hoje. “Essas obras estão fortemente ligadas à monocultura, latifúndio e escravidão, que foram bases da formação do Brasil. Nosso objetivo é provocar um olhar crítico sobre como esses processos continuam moldando nosso território e suas consequências para o clima.”
Diálogo Entre Passado e Presente
A exposição reúne pinturas, fotografias e esculturas que propõem um olhar crítico sobre o passado e o presente. Obras como “Independência e Morte” (2022), de Jaime Lauriano, uma releitura da famosa tela “Independência ou Morte” (1888), são exemplos marcantes. Lauriano recria a obra clássica substituindo os símbolos patrióticos por imagens que remetem aos desastres ambientais decorrentes do rompimento de barragens no Brasil, como em Mariana e Brumadinho.
Além disso, a mostra propõe uma nova perspectiva sobre temas como urbanização, controle de rios e extinção de espécies, por meio de núcleos que analisam o impacto humano nesses processos. Artistas contemporâneos como Mabe Bethônico e Uýra Sodoma trazem narrativas que cruzam racismo ambiental, resistência indígena e práticas de manejo sustentável, oferecendo caminhos para repensar nossa relação com a natureza.
Arte e Ativismo Climático
A curadoria também inclui o trabalho de ativistas, cientistas e projetos sociais que subvertem a própria ideia de arte ao serem exibidos no contexto do museu. Exemplo disso são as obras do cientista britânico Ed Hawkins, criador das espirais climáticas, e do ambientalista brasileiro Eduardo Góes Neves, que atuam diretamente no enfrentamento da crise climática. “Queremos que o público perceba que a produção de conhecimento vai além da arte tradicional e está profundamente conectada com a vida cotidiana e as questões ambientais”, afirma o curador Felipe Carnevalli.
Serviço: Exposição “Onde há fumaça: arte e emergência climática”
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Data de abertura: 5 de novembro de 2024
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Encerramento: 28 de fevereiro de 2025
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Horário de funcionamento: Terça a domingo, das 10h às 17h
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Local: Sala de Exposições Temporárias, Ala Oeste do Piso Jardim – Museu do Ipiranga
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Entrada gratuita para esta exposição