Espetáculo Jardim de Inverno, com Bianca Bin e Fabrício Pietro, tem últimas sessões no Teatro Faap

A peça é uma adaptação do romance Revolutionary Road

do escritor americano Richard Yates. O texto foi adaptado para o cinema e

protagonizado por Leonardo DiCaprio e Kate Winslet. A montagem brasileira estreou em 2019 e foi vencedora do Prêmio Bibi Ferreira e APCA.  Com uma carreira consagrada na televisão, Bianca Bin atua nos palcos pela primeira vez.

Últimas semanas para conferir o espetáculo Jardim de Inverno no Teatro Faap. As sessões acontecem de sexta e sábado, às 20h, e domingos, às 18h, até 28 de agosto. A peça é uma adaptação do romance Revolutionary Road, do escritor americano Richard Yates(1926-1992), feita pelo ator Fabrício Pietro.

A história acompanha a vida do casal April e Frank Wheeler, interpretados por Bianca Bin e Fabrício Pietro. A direção é de Marco Antônio Pâmio e o elenco é composto ainda por Erica Montanheiro, Iuri Saraiva, Martha Meola, Ricardo Ripa, Luciano Schwab, Aline Jones, Fabiana Caruso e Lucas Amorim.

A montagem estreou em 2019 e foi vencedora do Prêmio Bibi Ferreira (Categorias Melhor Atriz e Ator Coadjuvante em Peça de Teatro com Martha Meola e Iuri Saraiva) e do Prêmio APCA novamente com Iuri Saraiva na categoria de Melhor Ator.

A peça se passa na década de 1950 e levanta questões como a liberdade, os padrões de vida impostos pela sociedade e a sensação de sufocamento na vida familiar. A obra foi adaptada para o cinema (em português com o título Foi Apenas Um Sonho), protagonizada por Leonardo DiCaprio e Kate Winslet.

A trama retrata a vida cotidiana de April Wheeler (Bianca Bin) e seu marido Frank (Fabrício Pietro), um casal de classe média aparentemente feliz, que mora com seus dois filhos em um idílico subúrbio de uma pequena cidade nos Estados Unidos, na década de 1950. A história revela momentos intensos da vida cotidiana deste casal que ao cumprir as convenções sociais impostas sufocam seus mais profundos anseios, envenenando sonhos e aspirações. O espetáculo nos apresenta a progressiva frustração que acomete os dois, conforme assistem a suas vidas passar como um acúmulo de instantes sem sentido.

“A obra, mesmo tendo sido escrita no início da década de 60 e contando a história de uma família americana suburbana dos anos 50, carrega em seu cerne uma atemporalidade de proporções gigantescas, pois ela fundamentalmente nos fala de como nossos projetos de realização pessoal podem ser sufocados em nome da estabilidade social e financeira. Esse assunto não diz respeito a uma época específica, e sim à problemática humana mais profunda, independente de tempo ou lugar”, diz o diretor Marco Antônio Pâmio.

April é uma mulher em dissonância com a condição de dona de casa. Ela elabora um plano romântico para se mudar com a família para Paris, onde será possível reavivar seu relacionamento com o marido, cumprindo seu profundo desejo de liberdade e dando a ele a chance de se “encontrar”.

Bianca Bin entra no elenco para viver a protagonista, papel que foi de Andréia Horta na primeira temporada.

Sobre a personagem Bianca comenta: “Além do grande sentimento de não pertencimento, não me encaixando em alguns papéis sociais durante momentos da vida, me considero questionadora, corajosa e com um espírito revolucionário como da April”. A atriz, que viveu várias protagonistas na televisão, comemora o fato de estrear nos palcos. “Era um desejo antigo, que se realizou só agora com a peça Jardim de Inverno. Estou muito feliz e grata pela oportunidade”.

Já Frank tem um emprego relativamente bem remunerado, mas muito tedioso, em Nova York. Inicialmente, ele fica entusiasmado com a ideia da esposa, mas, aos poucos, acontecimentos inesperados passam a alarmá-lo e a perspectiva de felicidade precisará ser negociada.

Para construir seu personagem, Fabrício Pietro inspirou-se nos modelos de família tradicional ao seu redor. “Fui criado em uma sociedade na qual a figura masculina tem obrigação de ser forte, provedora, maliciosa, chefe da casa, e bem-sucedida. Ainda que eu tenha consciência destas questões e lute contra elas, sei que estão plantadas no meu DNA social”, acrescenta. “Vivemos num período de grande evocação social sobre as questões do feminino, na mídia, na cultura, portanto interpretar nos palcos qualquer figura masculina que esteja em embate com uma mulher em cena, exige cautela, para que a abordagem não caia em mera opinião panfletária. Vou sempre em busca do entendimento da condição humana na circunstância em que a personagem está inserida”.

O casal não sabe se abre mão de seus verdadeiros desejos ou enfrenta o peso do conformismo. Eles descarregam suas frustrações um no outro e raramente compreendem o ponto de vista do parceiro, refletindo a desilusão do sonho americano, o “american way of life”. Mas, diante dos olhares de seus vizinhos, eles representam os pilares de tudo o que há de bom; são pessoas charmosas, contagiantes, exemplares e especiais, o que afirma a maneira como se veem.

Essa dicotomia entre a realidade (para o casal) e a ficção (para os vizinhos) faz com que a história seja um inquietante retrato da busca desesperada por uma única chance na vida de se fazer o que se quer para que tudo valha a pena. “A própria dramaturgia nos conduz a isso, uma vez que enxergamos o casal na sua intimidade e no convívio com os outros personagens que os cercam no mundo exterior. Nosso elemento inspirador é o próprio teatro, na medida em que essa vida levada pelos dois é, de certa maneira, representada para os outros. Todos representam papéis sociais, mas o que eles vivem entre quatro paredes se distancia bastante do que deixam transparecer para o mundo. E, tanto quanto no teatro, esses papéis precisam ser extremamente bem representados”, explica Pâmio.

Tal como uma tragédia grega, a obra gira ao redor das falhas morais de suas personagens centrais ao discutir temas como a liberdade, o quanto as pessoas são capazes de se autossabotar para caber nas expectativas sociais, a distância entre a felicidade idealizada e a vida concreta, a busca por uma vida autêntica, os modelos irreais de felicidade impostos pela sociedade, como o homem lida com o sucesso da mulher, seu desejo de autoafirmação e o medo diante de certezas questionadas.

Questões femininas

Publicado em 1961, o primeiro romance de Yates foi finalista do National Book Award em 1962, vendeu milhares de cópias, foi amplamente traduzido e publicado em outros países e, em 2005, foi eleito pela revista TIME como um dos 100 maiores livros da literatura em inglês. A obra ficou ainda mais conhecida graças à adaptação cinematográfica dirigida por Sam Mendes em 2008, com o título Foi Apenas um Sonho, estrelada por Leonardo DiCaprio e Kate Winslet.

“Quando assisti ao filme em 2009, senti o mesmo vazio desesperador e vontade de resgatar uma certa ‘sensação de vida’ que April, a protagonista, sentiu. Eu vinha de uma fase na qual conforto e estabilidade eram meus objetivos de vida. Com o passar dos anos, meus desejos mais genuínos foram minados pelo comodismo e algo importante se perdeu: minha coragem e autenticidade. O filme me fez enxergar isto. Adquiri a obra original, um romance, e me debrucei sobre ele inúmeras vezes. Então decidi escrever a versão teatral. Minha adaptação foca na reflexão sobre o sufocamento dos desejos, a massificação dos valores, o desperdício dos potenciais individuais em virtude de um único modelo de família próspera e feliz estabelecido por interesses econômicos. Mas em si, a história carrega questões sociais urgentes, expostas muito claramente pela protagonista e que lamentavelmente 60 anos depois (o romance foi escrito em 1961) seguem devastando as mulheres”, revela Pietro sobre a idealização e adaptação da peça.

 

Sinopse

O espetáculo é adaptado do romance “Revolutionary Road”, que originou o filme Foi Apenas Um Sonho. April e Frank são jovens, bonitos e com seus dois filhos formam a família perfeita do idílico subúrbio americano dos anos 50. Mas, na verdade, se sentem reprimidos e aprisionados nessa realidade. Então April propõe um plano que irá colocar à prova seus limites.

 

FICHA TÉCNICA:

Título Original: Revolutionary Road, Romance De Richard Yates. Adaptação dramatúrgica: Fabrício Pietro. Direção Artística: Marco Antônio Pâmio. Elenco: Bianca Bin, Fabrício Pietro, Martha Meola, Iuri Saraiva, Erica Montanheiro, Luciano Schwab, Aline Jones, Ricardo Ripa, Fabiana Caruso e Lucas Amorim. Elenco stand-in: Clarissa Drebtchinsky e André Kirmayr. Direção de Produção – Temporada 2022: Amanda Leones – Versa Cultural. Direção de Produção Original – Temporada 2019: Danielle Cabral – DCARTE. Direção de movimento: Marco Aurélio Nunes. Cenografia: Marisa Rebolo. Figurinista: Flaviana Bernardo. Visagismo: Beto França. Iluminador: Wagner Antônio. Trilha Sonora: Marco Antônio Pâmio. Colaboração dramatúrgica: Erica Montanheiro e Marco Antônio Pâmio. Assistente de Direção: André Kirmayr. Locuções espetáculo: Ricardo Ripa. Operador de som: Rafael Junqueira. Operador de luz: Dimitri Luppi. Fotos divulgação: Danilo Borges. Make divulgação: Beto França. Cabelo divulgação: Valter Sabino. Camareira divulgação: Valquiria Reducino. Finalização de fotos divulgação: Jujuba Digital. Fotos de cena: Felipe Gomes. Design gráfico: Lucas Sancho.  Book apresentação: Rafael Alexandre. Vídeos divulgação: Teleimage. Equipe de captação de vídeo: Tato Vilela, Arthur Machado, João Bamboukian, Bruna Maria Barbosa. Arte vídeos de divulgação: Renato Pocinho e Fernando Lamb. Social Media: Felipe Matias – ho.ko Comunicação. Assessoria de Imprensa: Adriana Balsanelli e Renato Fernandes. Produção administrativa: Luana Costa. Assistente de Produção: Aline Gabetto. Estagiária: Júlia Baccan. Assessoria contábil: JRC Assessoria Contábil. Assessoria jurídica: Carolina Kazumi. Prestação de Contas: IC Cultura – Itabiboca Gestão de Projetos e Chiquito Agência de Cultura. Negociação de direitos autorais: Evandro Ragonha. Idealização: Fabrício Pietro. Produção Geral e Realização: Versa Cultural. Coprodução: Pietro Arte. Patrocínio: Boa Vista.

SERVIÇO:

JARDIM DE INVERNO no TEATRO FAAP

TemporadaAté 28 de agosto de 2022 – Sexta e Sábado, às 20h, e domingos, às 18h.

Endereço: R. Alagoas, 903 – Higienópolis, São Paulo – SP, 01242-902

Duração: 100 minutos. Classificação: 14 anos. Ingressos: R$ 80 (inteira); R$ 40 (meia-entrada).

Venda online pelo https://teatrofaap.showare.com.br/

Fique por dentro de nossas últimas atualizações

Inscreva-se em nossa newsletter

Sem spam, notificações apenas sobre novas atualizações.

On Key

Related Posts