MARCO NANINI E CAMILLA AMADO FAZEM ‘TEATRO NA TELA’ COM ‘AS CADEIRAS’

Fernando Libonati assina a direção deste clássico de Ionesco, que registra o último trabalho de Camilla

Obra ficará em cartaz por uma semana somente no Cine Petra Belas Artes 

‘As Cadeiras’ nasce do desejo profundo de seguir fazendo teatro durante a pandemia, tanto de Marco Nanini, como de Fernando Libonati e Camilla Amado (1938-2021), cujo trabalho acabou sendo o derradeiro ato de uma trajetória intensa dedicada aos palcos.

Com a incerteza de quando seria possível reencontrar o público, Nanini, Camilla, Fernando e a equipe começaram a fazer leituras e ensaios virtuais em 2020 e, com o prolongamento da pandemia, resolveram que apresentariam a obra em dois formatos: ao vivo e gravado. Filmaram o espetáculo no turbulento janeiro de 2021. O espelho entre a ficção e a realidade era inevitável, ao encenar este clássico do Teatro do Absurdo que fala justamente sobre incomunicabilidade, com dois personagens isolados em uma ilha.

O resultado é o “teatro na tela”, em que, através de recursos do audiovisual e um texto universal, a história é contada com o que há de mais precioso no teatro: os intérpretes. Não é teatro filmado, uma vez que tudo foi registrado em um estúdio. No entanto, a essência teatral prevalece nesta obra que nasce marcada pelo diálogo e pela fricção entre o audiovisual e o teatro.

Ambientado em um farol, numa ilha qualquer do planeta, ‘As Cadeiras’ coloca em cena um casal de idosos que espera ansiosamente por seus convidados para, no momento certo, revelar a uma plateia imaginária sua mensagem ao mundo. É quando os dois deixam aflorar alienação, isolamento, solidão, tédio e uma busca desesperada para entender a humanidade.

‘As Cadeiras’ ficou em cartaz no Rio de Janeiro e agora fará a estreia oficial em São Paulo, no dia 13 de outubro, no Petra Belas Artes.

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‘As Cadeiras’ marca a primeira direção de Fernando Libonati, cuja carreira como produtor teatral engloba uma série de grandes êxitos à frente da produtora fundada por ele e por Nanini há mais de trinta anos, a Pequena Central. Conhecido por ser um produtor extremamente ligado ao processo de criação, Fernando resolveu pela primeira vez assinar efetivamente uma função artística. Na primeira leitura do projeto, Camilla chegou a dizer: ‘Na verdade, Nando sempre nos dirigiu, mesmo como produtor, sempre esteve ali nos guiando e cuidando dos atores. Agora só está oficializando isso’.

Para a empreitada, Fernando esteve cercado de uma ficha técnica que também circula com desenvoltura entre o teatro e o audiovisual, Gringo Cardia na concepção visual, Deborah Colker na direção de movimento, o figurinista Antonio Guedes, e Julio Parente (iluminação e efeitos).

Toda a concepção do trabalho visa privilegiar o trabalho dos atores. Fernando filmou as sequências sem cortes praticamente, com as cenas na íntegra, como no teatro. No estúdio, as duas câmeras captavam as interpretações de Nanini e Camilla em 360 graus, registrando detalhes e também a força cênica do clássico texto.

O ato final de uma dupla que o teatro uniu

‘As Cadeiras’ coroa a amizade de Nanini e Camilla, que se inicia na década de 1970 e perdura pelas cinco décadas seguintes. A primeira parceria profissional foi em ‘Encontro no Bar’ (1973), seguida pela lendária montagem de ‘As Desgraças de Uma Criança’ (1974). Ao longo dos anos, a relação deles se consolidou para além dos palcos e, desde então, buscavam um texto para voltarem a encenar juntos.

Camilla já havia protagonizado uma montagem de ‘As Cadeiras’ na juventude e sugeriu a leitura da peça com Nanini em 2017, na época em que o ator, ao lado de Fernando, organizou um ciclo de leituras antes de ensaiar ‘Ubu Rei’. A semente foi plantada e, em plena pandemia, houve e vontade de resgatar a peça e finalmente pensar em um retorno aos palcos.

Infelizmente, Camilla faleceu pouco tempo após a conclusão das filmagens. Semanas antes de morrer, ela conseguiu assistir ao resultado do último registro de sua brilhante e irretocável trajetória como atriz.

AS CADEIRAS

A partir da obra de Eugéne Ionesco

Dirigido por Fernando Libonati

Produzido por Fernando Libonati e Marco Nanini

Com Camilla Amado e Marco Nanini

Concepção visual: Gringo Cardia

Cenografia: Mina Quental

Figurinos: Antonio Guedes

Iluminação: Julio Parente

Direção de Movimento: Deborah Colker

Direção de fotografia: Breno Moreira

A partir de 13 de outubro somente no Cine Petra Belas Artes

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