Livremente inspirado na história de Kaspar Hauser, infantil E o Zé, quem é? discute a construção da identidade e o respeito às diferenças

Com texto e direção de Marcello Airoldi, espetáculo da companhia Teatro de Perto tem temporada gratuita no Teatro Cacilda Becker, de 11 de fevereiro a 5 de março

A misteriosa história de Kaspar Hauser, o menino sem identidade e linguagem que foi encontrado na Alemanha em 1828, serve como fonte de inspiração para o espetáculo E o Zé, quem é?, com texto e direção do premiado Marcello Airoldi (que também estreia a peça “Onde Está o Walter?” e, em maio, volta em cartaz no elenco do espetáculo “Misery”, a partir da obra de Stephen King). A peça tem uma temporada gratuita no Teatro Cacilda Becker, entre os dias 11 de fevereiro e 5 de março, com apresentações aos sábados e domingos, às 16h.

O elenco traz André Capuano, Carolina Parra, Dani Moreno, Eugênio La Salvia, Fagundes Emanuel e Silô Moreno, além dos músicos Felipe Chacon e Juh Vieira. Além disso, o espetáculo conta com a participação em off da  grande atriz Laura Cardoso. Já a direção de produção é assinada por Kiko Rieser (autor e diretor da bem-sucedida peça “Nasci Pra Ser Dercy”).

O trabalho dá continuidade à pesquisa que o autor e diretor vem desenvolvendo em teatro para crianças. Seu espetáculo anterior, “Mequetrefe sorrateiro”, lhe rendeu o Prêmio São Paulo (antigo Femsa) de autor revelação, além de indicações em diversas outras categorias. Já a relação do artista com a conhecida trajetória de Kaspar Hauser também é antiga: em 2007, ele escreveu e dirigiu a peça “A casa do Gaspar ou Kaspar Hauser, o órfão da Europa”, ao lado do Teatro Ventoforte.

A peça se passa em um país que parece fictício, dominado por um governo autoritário, e conta a história de um garoto que é encontrado no meio da praça. Sozinho e em trapos, ele não sabe falar nenhuma língua e mal consegue andar. Todos ao redor especulam de onde o menino teria vindo, mas ninguém sabe a resposta para essa pergunta. Uma pessoa desconhecida não é ninguém, concluem os agentes do governo, e alguém que não é ninguém pode se tornar qualquer coisa, o que é muito perigoso. Assim, o menino sem nome vai preso por vadiagem, e, tornando-se assunto da cidade inteira, só faz aumentar a curiosidade sobre sua identidade.

Depois de um mês, a Justiça faz um acordo com a cidade: solta o garoto, mas  obriga toda a população a ficar responsável por ele, revezando-se mensalmente em sua guarda com um auxílio financeiro. Enquanto segue a investigação para descobrir sua história, ele se torna uma espécie de filho da cidade toda e ganha finalmente um nome: Zé. Nas muitas casas em que passa a morar, Zé aprende a falar e a andar e cada um da cidade transmite a ele seus próprios valores: o Cidadão lhe explica economia e como lucrar a todo custo; a Autoridade o ensina a atirar; e a Professora é a única que o estimula a olhar para o mundo com os próprios olhos.

Ao longo da história, Zé percebe que pode ser quem quiser e que não é necessário desvendar sua história, porque é possível reescrevê-la dali para frente.

“Toda a história da peça gira em torno da busca pela história pregressa de Zé, como se ela, por si só, fosse capaz de lhe conferir uma identidade. No entanto, o desconhecimento da linguagem nos evidencia que Zé nunca esteve em contato real com outro ser humano e, portanto, jamais poderia ter desenvolvido qualquer identidade. É apenas em relação direta com os outros que somos o que somos, e isso também é um ponto fundamental de ser discutido perante um público de crianças. O respeito à diferença e à alteridade deve nascer não só pela razão ética, mas também pelo entendimento de que dependemos do outro para nos constituirmos enquanto indivíduos, seja absorvendo, seja refutando aquilo que vemos à nossa volta”, comenta o autor e diretor Marcello Airoldi.

Além desses temas, o espetáculo faz uma importante homenagem à Cultura e à Educação (simbolizada pela personagem da Professora), que, segundo o encenador, são “os pilares que constituem a identidade de qualquer pessoa e de qualquer nação”.

Sinopse

Em um país que parece fictício, dominado por um governo autoritário, um garoto é encontrado no meio da praça. Sozinho e em trapos, ele não sabe falar nenhuma língua e mal consegue andar. Todos ao redor especulam sobre a origem do menino, mas ninguém sabe de nada. Uma pessoa desconhecida não é ninguém, concluem os agentes do governo, e alguém que não é ninguém pode se tornar qualquer coisa, o que é muito perigoso. Assim, o menino sem nome vai preso por vadiagem, e, tornando-se assunto da cidade inteira, só faz aumentar a curiosidade sobre sua identidade. Depois de um mês, a Justiça faz um acordo com a cidade: solta o garoto, mas obriga toda a população a ficar responsável por ele.

Ficha Técnica

Texto e direção: Marcello Airoldi

Elenco: André Capuano, Carolina Parra, Dani Moreno, Eugênio La Salvia, Fagundes Emanuel e Silô Moreno

Músicos: Felipe Chacon e Juh Vieira

Participação em voz off: Laura Cardoso

Cenografia: Carol Bucek

Desenho de luz: Aline Santini

Direção e composição musical: Juh Vieira

Figurino e visagismo: Kleber Montanheiro

Videoarte e mapping: Carol Shimeji e Rafael Drodrô

Assistência de direção: Maria Meyer

Assistência de figurino: Marcos Valadão

Construção de cenário: Marcelo Andrade, Fernando Zímolo e Wanderley Wagner

Confecção de máscaras e bonecos: Juh Vieira

Costura: Salomé Abdala

Design gráfico: Carol Shimeji e Rafael Drodrô

Fotografia: Priscila Prade

Registro em vídeo: Tatoka Filmes

Mídias sociais: Inspira Comunicação

Assessoria de imprensa: Pombo Correio

Operação de luz: Rodrigo Palmieri

Operação de som e microfonista: Rodrigo Florentino

Operação de projeção: Carol Shimeji e Rafael Drodrô

Direção de produção: Kiko Rieser

Assistência de produção: Maria Meyer

Assistência administrativa: Lauanda Varone

Produção geral: Rieser Produções Artísticas

Realização: MAPA – Marcello Airoldi Produções Artísticas

Um espetáculo do Teatro de Perto

Serviço

E o Zé, quem é?, com texto e direção de Marcello Airoldi

Temporada: 11 de fevereiro a 5 de março, aos sábados e aos domingos, às 16h

Teatro Cacilda Becker – Rua Tito, 295, Lapa

Ingressos: Grátis, distribuídos uma hora antes de cada apresentação

Classificação: livre

Duração: 70 minutos

Acessibilidade: Teatro é acessível para cadeirantes

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