Nos próximos dias 17, 18, 19 e 21/02, o destaque fica com o “Vai dar Samba”: visitas mediadas para público espontâneo e agendado com foco no olhar para o samba e sua relação com as favelas, a partir do protagonismo de mulheres negras como Madrinha Eunice, Clementina de Jesus e Ivone Lara. As visitas temáticas são uma iniciativa dos educadores do Museu, sempre às 10, 11, 14, 15 e 16h.
No domingo, dia 26/02, das 15 às 16h, aula teórica e prática “Solta o Corpo – Vivência de Samba”. A oficina exaltará a força da ancestralidade por meio da história do samba no Brasil e sua ligação com o carnaval. A aula, ministrada por Isabella Nunes (dançarina da comissão de frente da escola de samba Tradição Albertinense e passista da escola de samba Império da Casa Verde), traz a consciência corporal e a importância dos movimentos interligados com os instrumentos de percussão, com muito samba no pé.
As exposições “Favela-Raiz” e “Identidade Preta” também estarão abertas a visitação durante a folia. “Favela-Raiz” surge com uma ocupação manifesto composta em cinco partes – três internas e duas externas -, é um símbolo de saudação às tradições, à ancestralidade, à maternidade, aos abrigos materiais e afetivos que envolvem os habitantes da favela e tudo o que ali foi semeado colhido.
“Identidade Preta” celebra os 20 anos do Festival Feira Preta, o maior evento de cultura negra da América Latina, trazendo de modo lúdico o histórico da evolução da feira, apresentando ao público os marcos revolucionários para a população preta a partir de seus espaços. A exposição compõem os eixos conceituais da exposição em uma linha de tempo, situando os acontecimentos relacionados com a feira ao longo dos anos; um espaço expositivo que remete a um baile e tem o intuito de aproximar o público do caráter festivo que sempre permeou o festival da feira; a simulação de um brechó, fazendo forte referência ao empreendedorismo da mulher preta e à atmosfera do close e um trono, remetendo à realeza das pessoas pretas, e também possibilitando que o público visitante possa perceber sua realeza e imponência, participando desse espaço de maneira imersiva. A curadoria é assinada por Adriana Barbosa e José Nabor.
SERVIÇO
Solta o Corpo – Vivência de Samba
Data: 26/02
Horário: 15 às 16h
Local: Jardim
Classificação livre
Gratuito
Vai dar Samba
Data: 16, 17, 18, 19 e 21/02
Horário: Todos os dias às 10, 11, 14, 15 e 16h
Local: Museu das Favelas
Classificação livre
Gratuito
(As inscrições deverão ser feitas na recepção do Museu. Sem necessidade de agendamento prévio)
Exposições “Favela-Raiz” e “Identidade Preta”
Data: Terça a domingo
Horário: das 9 às 17h (permanência até as 18h)
Classificação livre.
Ingressos gratuitos aqui.
SOBRE MUSEU DAS FAVELAS
Aberto oficialmente desde o dia 25/11/2022, o Museu das Favelas é um equipamento da Secretaria de Cultura e Economia Criativa de São Paulo, sediado no Palácio dos Campos Elíseos, no centro da capital. Gerido pela organização social de cultura IDG – Instituto de Desenvolvimento e Gestão, o Museu, que nasce de um processo colaborativo com pessoas que vivenciam o cotidiano das favelas, irá oferecer uma ampla programação gratuita e voltada para todos os públicos, em especial, de favelas, periferias, ocupações e outros territórios nacionais, potencializando suas vozes, lutas e memórias.
O Palácio dos Campos Elíseos (antigo Palacete Elias Chaves), situado na Avenida Rio Branco, foi projetado pelo arquiteto alemão Matheus Häusler, com construção iniciada em 1890 e finalizada em 1899 para ser a residência do cafeicultor e político Elias Antônio Pacheco e Chaves e sua família. O imóvel, dividido em quatro pavimentos, com uma área construída de aproximadamente 4.000 m², foi inspirado no Castelo de Écouen, na França. Em 1911, o palacete foi comprado pelo Governo de São Paulo, tornando-se residência oficial dos governadores. Após uma reforma de ampliação, em 1935 torna-se oficialmente Palácio de Governo até 1965, quando houve a transferência para o atual Palácio dos Bandeirantes, no Morumbi. Durante os anos de 1967 e 1972, ficou fechado para restauro por causa de um incêndio que destruiu parte do edifício. O palácio foi tombado no ano de 1977 pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (CONDEPHAAT), sendo sede administrativa de diferentes secretarias e órgãos do governo até 2006, quando foi fechado novamente para seu segundo restauro. O Centro de Referência em Inovação do SEBRAE foi a última instituição que ocupou o prédio (2017-2019) antes do Museu das Favelas.
O Museu das Favelas, ao ocupar o Palácio dos Campos Elíseos, símbolo de uma estrutura de poder segregacionista, anuncia esse novo momento em que vozes e pensamentos que são invisibilizados reivindicam o lugar que lhes é cabido na história e na cultura brasileira. Além de proporcionar mobilidade e acessibilidade de forma interconectada com demais regiões de São Paulo e outras cidades e estados, é simbólico, então, ter o equipamento cultural instalado neste antigo ícone da riqueza e do luxo para uma São Paulo “moderna”, em um projeto de “bairro modelo”. O museu não pretende apenas ocupar, mas ser ocupado. Assim, a instalação do Museu questiona, critica, tensiona os discursos, significados, narrativas, sentidos e símbolos prepostos, por meio da novamente destacada ocupação, reatualização e reconfiguração dos usos. Aqui – e não só – se faz urgente que outras narrativas e discursos possam tomar novo sentido. Além disso, tendo em vista o histórico de ocupação da região central da cidade, é estratégica a localização para que se possa fortalecer laços com grupos sociais que resistem para permanecer no local.
O Museu das Favelas tem como premissa máxima um trabalho de reparação social, por meio do protagonismo das pessoas de favela na gestão, na contratação de fornecedores, na criação de rupturas de narrativas, partindo da construção coletiva e compartilhada a ser constituída por meio do relacionamento com a vizinhança, do mapeamento constante de iniciativas que geram impacto social, cultural, econômico nas favelas, escuta ativa e visitas periódicas a espaços e organizações das favelas de São Paulo e do Brasil.
Parte de um local de pluralidade e diversidade de narrativas, que surge com a proposta de ser um ponto de encontro, de passagem, de acolhimento, um ambiente de pesquisa, preservação, produção e comunicação de memórias e histórias das favelas brasileiras. Ele constrói uma visão expandida que inclui também as vivências que partem de periferias, ocupações, assentamentos, regiões quilombolas, ribeirinhas, entre outras; espaços distintos, mas que compartilham histórias de segregação e resistência.
Trata-se de uma instituição que parte do passado, perfazendo o presente para contribuir com novos caminhos para o futuro, partindo do princípio de que os caminhos para mudança precisam passar pelas favelas, por suas manifestações culturais e pela potência dos que ali resistem, inovam e criam. E desta forma, busca ampliar o olhar, para além de uma imagem cristalizada do que é a favela e, também, do que é um museu.
Diante disso, o Museu das Favelas dedica seus esforços à oferecer ao público um espaço de convivência, produção e acolhimento, abertos à proposição de grupos e coletivos das favelas, além de um potente Programa de Exposições e Programação Cultural, Ações Educativas, Centro de Referência e Pesquisa, Biblioteca, Centro de Empreendedorismo e Economia Criativa.
Neste primeiro ano de vida, a equipe do Museu dedica-se a preparar este prédio para ser ocupado pelas favelas, material e simbolicamente. Entre o final de 2022 e o ano de 2023, o visitante poderá conhecer e participar de atividades no jardim, e nas salas do piso térreo e inferior, enquanto os pavimentos superiores são preparados para receber a futura exposição de longa duração e outras instalações.
A programação será gratuita, com funcionamento de terça a domingo, das 9 às 18hs. O Museu das Favelas está localizado no bairro Campos Elíseos, em São Paulo, ao lado do Terminal de Ônibus Princesa Isabel. O acesso principal ocorre pelo portão na Rua Guaianases, nº 1024, mas é possível entrar também pela na Avenida Rio Branco, nº 1269. Não há estacionamento no local.