Com a proposta de refletir sobre poder, ambição e corrupção, além de afirmar que Shakespeare pertence a todos, a Cia Atores da Fábrica, nascida na Baixada Fluminense, no Rio, chega a São Paulo com o espetáculo “Ricardo III Um Homem do Seu Tempo”. Sob a direção de Wellington Fagner, supervisão de Julio Adrião e protagonizado por Alexandre O. Gomes, a nova temporada estreou nesta quarta-feira (15), no Teatro Giostri Cultural, em Bela Vista. As apresentações seguem até 7 de dezembro, todas as quartas e quintas às 20h30. Haverá sessões extras nos dias 6 e 7 de dezembro, às 18h. Os ingressos estão disponíveis a R$60 (inteira) e R$30 (meia). Na estreia, será lançado o livro homônimo do espetáculo no valor de R$40.
A peça é um solo narrativo, que através de uma linguagem periférica, tem como ponto de partida a descoberta da ossada do monarca Ricardo III, no ano de 2012, na cidade de Leicester, o que veio, segundo os ingleses, trazer sorte para o time de futebol Leicester City, culminando na conquista do campeonato inglês em 2016.
Em tempos onde as questões de corrupção se mantêm persistentemente atuais, a peça convida à reflexão, como destaca o ator Alexandre O. Gomes, ganhador do Prêmio Shell 2023 de melhor iluminação por A Jornada de Um Herói. “Infelizmente, o tema da corrupção ainda é atual, talvez porque não evoluímos o bastante enquanto seres humanos, daí a sede pelo poder e a ganância vem à tona, manifestando-se através dos tempos, principalmente na política. Em Ricardo III, Shakespeare levanta essa questão e nos faz refletir sobre ela ainda hoje”, conta.
O espetáculo reivindica o espaço de Shakespeare no cenário periférico contemporâneo, afirmando o quanto a obra deste dramaturgo pode ser acessível. “Sempre destaco que muitos intelectuais colocaram Shakespeare em um pedestal, tornando sua obra acessível apenas a uma elite, mas ele não é uma propriedade intelectual da burguesia. Nosso trabalho busca desmistificar essa visão, apresentando uma perspectiva periférica de Shakespeare e equilibrando o clássico com o popular. Para nós, essa abordagem é significativa. Defendemos a ideia de que territórios prestigiados, como o Teatro Giostri, muito frequentado pela elite, também podem nos pertencenter”, frisa, evidenciando a importância desta nova temporada como uma política afirmativa.
Uma bola de futebol, uma capa, uma espada e três esqueletos são alguns dos elementos usados para contar essa história. Com um envolvente solo narrativo, Alexandre se metamorfoseia, alternando entre os muitos personagens, trazendo cada um à vida com diferentes nuances. Ele é acompanhado do músico Mateus Amorim, responsável por criar uma paisagem sonora ao vivo, utilizando instrumentos de percussão, metais, e objetos improvisados como taças e peças de carro. Alexandre.
A Cia Atores da Fábrica já levou outros trabalhos para São Paulo, Curitiba e Minas Gerais, mas sempre para apresentações únicas, portanto essa é a primeira vez com uma temporada. “O teatro que a gente pesquisa e que a gente propõe estabelece sempre uma relação de afeto, de troca e de generosidade com o público e alcançamos isso com sucesso em nossa temporada no Rio. Agora, estamos ansiosos para estabelecer uma conexão com o público paulistano. A expectativa é grande, especialmente por representarmos a Baixada Fluminense e, em especial, a cidade de Nova Iguaçu”, conclui.
Juntamente com a estreia, será lançado o livro homônimo do espetáculo Ricardo III Um Homem do Seu Tempo. “Em nossa própria trajetória, quem diria que receberíamos uma proposta para apresentar nossa peça em São Paulo, com apoio financeiro? E ainda ter a oportunidade de lançar a dramaturgia pela editora Giostri? Muitos ficariam surpresos e se perguntariam: ‘Como isso aconteceu?’. Essas foram exatamente as minhas palavras. Está acontecendo!”, comemora.
CIA FÁBRICA DOS ATORES
A cia Atores da Fábrica é formada por alunos e ex-alunos, da escola Fábrica dos Atores e Materiais Artísticos (Escola livre F.A.M.A.), e vem desenvolvendo, uma pesquisa de linguagem fundamentada no teatro físico, sempre com cunho político social, tendo ao longo dos anos montado espetáculos como “O auto da Compadecida” de Ariano Suassuna com direção de Alexandre o. Gomes, “Construção” com direção de Alexandre o. Gomes e supervisão de Amir Haddad, o infanto juvenil “O mágico de Oxênte” com direção de Alexandre o. Gomes e Wellington Fagner, espetáculo esse que ganhou 17 indicações e 8 prêmios em festivais, tendo realizado circuito SESI cultural no ano de 2017. Atores da Fábrica também participou de importantes festivais como “a_ponte” do Itaú cultural, Encontrarte, Festival de Curitiba e intercâmbios internacionais. Ganhou em 2017 o prêmio Shell com a Rede Baixada Em cena, na categoria Inovação.
SERVIÇO:
Temporada Giostri Cultural
Data: 15/11 a 7/12 (toda quarta e quinta)
Horário: 20h30, com sessão extra nos dias 6 e 7/12, às 18h
Endereço: Rua Rui Barbosa, 201 – Bela Vista, São Paulo – SP, 01326-010
Ingresso: R$ 60,00 (inteira), R$ 30,00 (meia)
Link para adquirir o ingresso: https://bileto.sympla.com.br/event/88380
Classificação: 12 anos
Tempo: 60 minutos
FICHA TÉCNICA
Texto original: William Shakespeare
Adaptação: Alexandre O. Gomes
Direção: Wellington Fagner
Supervisão: Julio Adrião
Atuação: Alexandre O. Gomes
Paisagem sonora: Mateus Amorim e Michael Lincoln
Orientação de figurino: Daniele Geammal
Figurino: Alessandra Fernandes
Iluminação: Alexandre O. Gomes
Operação de luz: Michael Lincoln e Amanda Sibanto
Preparação vocal: Jane Celeste
Midias digitais: Amanda Sibanto
Assessoria de Imprensa: Monteiro Assessoria
Produção: Alessandra Fernandes e Jorge Leão
Assistente de produção: Letícia Esteves