Uma série de anúncios em bancas de jornais em pontos de grande circulação na cidade de São Paulo tem chamado a atenção. Os painéis, instalados nas avenidas Paulista e Brigadeiro Faria Lima, são dirigidos à marca de alimentos Sadia e sua dona BRF, a maior processadora de carne suína do Brasil, e mostram a imagem de um porco com a mensagem “S de Sofrimento”.
O tratamento dado aos porcos na cadeia produtiva da famosa marca de carnes foi a motivação por trás da ação. A ONG de proteção animal Sinergia Animal, que coordenou a veiculação dos painéis, pede há um ano que a BRF assuma um compromisso para não permitir algumas práticas bastante controversas com os animais em suas granjas fornecedoras, incluindo o confinamento de porcas grávidas em gaiolas minúsculas. Mesmo com uma petição, hospedada na plataforma Change.org, que alcança quase 80 mil assinaturas, a empresa ainda não anunciou as mudanças solicitadas pela entidade.
Confira o abaixo-assinado na íntegra: http://change.org/BRF-Porcos
“Porcas reprodutoras são praticamente imobilizadas nas chamadas gaiolas de gestação, que são tão minúsculas que os animais não podem sequer caminhar ou virar-se dentro delas. A BRF se comprometeu publicamente a tirar as porcas dessas gaiolas, mas de uma maneira parcial. Em vez de eliminar totalmente as gaiolas, a empresa permite que esse sistema de confinamento extremo ainda seja usado por até 28 dias durante os quatro meses de gravidez dos animais”, explica Carolina Galvani, presidente da Sinergia Animal.
A ONG também ressalta que estudos científicos provam que as porcas confinadas em gaiolas se machucam e sentem dores, têm problemas de locomoção e sentem frustração por serem impedidas de realizar seus comportamentos naturais, como fuçar o chão ou interagir com outros animais. “Estudos revelam que os suínos são mais inteligentes do que os cães e podem resolver problemas tão bem quanto os chimpanzés. Não é aceitável tratá-los dessa forma”, completa Galvani.
Um levantamento realizado em 2016 pela Ipsos mostra que os brasileiros se importam com o tratamento conferido aos animais na indústria alimentícia. 74% dos entrevistados acreditam que sistemas de produção com melhores níveis de bem-estar animal são mais sustentáveis.
ONG também pede fim do uso de antibiótico em animais saudáveis
A ONG Sinergia Animal também pede que a BRF se comprometa a não utilizar antibióticos de forma não terapêutica, ou seja, que esses medicamentos sejam usados somente para tratar animais doentes, e não administrados em animais saudáveis, prática ainda comum no setor.
O uso irrestrito de antibióticos pode contribuir para o surgimento de bactérias resistentes que contaminam os alimentos e o meio ambiente, e assim chegam aos humanos. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostram que o uso irresponsável de antibióticos na medicina humana e veterinária já gera essas superbactérias, que matam mais de 700 mil pessoas por ano. A OMS estima que, se essa tendência continuar, até 2050, 10 milhões de pessoas vão morrer por ano – número muito maior do que o de qualquer pandemia até hoje.