A tridimensionalidade une novamente os artistas Jacques Douchez (Macôn, França, 1921 – São Paulo, 2012) e Norberto Nicola (São Paulo, 1930 – 2007) em Os pássaros de fogo levantarão voo novamente. As formas tecidas de Jacques Douchez e Norberto Nicola, em cartaz a partir do dia 16 de dezembro no Museu de Arte Moderna de São Paulo. Estreando oficialmente como curador, assume vivid astro focus (avaf) propõe uma reaproximação póstuma entre os artistas. Além disso, a exposição lança luz sobre importantes sucessores do movimento modernista.
A partir de um conjunto de 26 obras em tapeçaria, 13 de cada artista, é possível um resgate dos laços profissionais e afetivos entre os dois amigos, que mantiveram o Atelier Douchez-Nicola, entre 1959 e 1980, mas que não expuseram mais em conjunto após desfazerem a sociedade. Uma das propostas da mostra é traduzir essa conexão, ao criar uma união emocional e física entre os trabalhos de ambos.
O aspecto tridimensional, característica marcante nas criações, entendidas pelos próprios artistas como “formas tecidas”, é refletido também na expografia, coassinada pelo arquiteto Eduardo Chalabi e avaf. As tapeçarias suspensas no teto e as paredes recobertas de espelhos reforçam esse jogo de dimensões. “Neste espaço átmico, busca-se trazer uma narrativa, sem tratar de ser histórica ou retrospectiva, dedicada a obras tecidas por esses artistas”, declara o curador. Para além disso, ele afirma que a expografia foi pensada de forma que os artistas fossem recontextualizados em um ambiente de arte contemporânea.
Em Os pássaros de fogo levantarão voo novamente. As formas tecidas de Jacques Douchez e Norberto Nicola, o MAM amplia as reflexões em relação ao movimento modernista e evidencia, desta vez, os artistas que vieram depois dele. “Dando continuidade às reflexões que promoveu ao longo do ano de 2021 sobre o centenário da Semana de Arte Moderna de São Paulo de 1922, o MAM desdobra sua programação, agora discutindo artistas das gerações seguintes, que tiveram atuações significativas. O espaço concebido para a mostra traz espelhos e cores que rompem com o tradicional cubo branco e reinventam o ambiente expositivo”, comenta Cauê Alves, curador da instituição.
“A mostra sobre as formas tecidas de Jacques Douchez e Norberto Nicola, além de dar visibilidade a artistas tão relevantes que sucederam aos primeiros artistas modernistas, valoriza a arte da tapeçaria, até há pouco vista como menor em relação à pintura e à escultura”, endossa Elizabeth Machado, presidente do MAM.
Sobre os artistas
Jacques Douchez (Macôn, França, 1921 – São Paulo, 2012) e Norberto Nicola (São Paulo, 1930 – 2007) integraram nos anos 1950 o Atelier-Abstração, de Samson Flexor (1907-1971). O artista romeno, inclusive, influenciou os trabalhos dos dois, com seus ideais estéticos e vanguardistas.
Em 1959, criaram juntos o Atelier Douchez-Nicola, mas mantiveram a individualidade e a liberdade criativa de cada um. Nicola realizava obras lírico-oníricas e selváticas, e Douchez produzia obras austeras e ascéticas. Em 1980 foram encerradas as atividades do Atelier, pelo qual nunca mais expuseram em conjunto.
Na mostra, “poderão ser vistas obras que foram confeccionadas no decorrer da existência do Atelier, bem como obras urdidas após o desfecho de uma intrincada e singular amizade. São obras que mostram sobretudo um vocabulário feérico, que desvela em cada fibra a energia luminosa de ambas as naturezas”, afirma avaf.
Sobre assume vivid astro focus
assume vivid astro focus (avaf), um coletivo de artistas fundado em 2001, pode assumir diferentes formações, dependendo dos diferentes projetos em que se envolve. avaf trabalha em uma vasta gama de mídias, incluindo instalações, pintura, tapeçaria, neon, papel de parede, música, etc. Com frequência confronta arraigados códigos culturais, questões de gênero e política, por meio de uma superabundância de cores e formas. O pseudônimo é parte fundamental de seu processo de trabalhar “coletivamente”: o intuito central de seus projetos é sempre a criação de um Gesamtkunstwerk [“obra total de arte”], em que o espectador torna-se um com o trabalho de arte. Ser inclusivo é peça-chave para a realizar suas obras. avaf usa a cor como linguagem universal, com a intenção de garantir a participação e entrega do espectador. O público é sempre a peça central em todos os seus projetos.
Sobre o MAM São Paulo
Fundado em 1948, o Museu de Arte Moderna de São Paulo é uma sociedade civil de interesse público, sem fins lucrativos. Sua coleção conta com mais de 5 mil obras produzidas pelos mais representativos nomes da arte moderna e contemporânea, principalmente brasileira. Tanto o acervo quanto as exposições privilegiam o experimentalismo, abrindo-se para a pluralidade da produção artística mundial e a diversidade de interesses das sociedades contemporâneas.
O Museu mantém uma ampla grade de atividades, que inclui cursos, seminários, palestras, performances, espetáculos musicais, sessões de vídeo e práticas artísticas. O conteúdo das exposições e das atividades é acessível a todos os públicos por meio de visitas mediadas em libras, audiodescrição das obras e videoguias em libras. O acervo de livros, periódicos, documentos e material audiovisual é formado por 65 mil títulos. O intercâmbio com bibliotecas de museus de vários países mantém o acervo vivo.
Localizado no Parque Ibirapuera, a mais importante área verde de São Paulo, o edifício do MAM foi adaptado por Lina Bo Bardi e conta, além das salas de exposição, com ateliê, biblioteca, auditório, restaurante e uma loja onde os visitantes encontram produtos de design, livros de arte e uma linha de objetos com a marca MAM. Os espaços do Museu integram-se visualmente ao Jardim de Esculturas, projetado por Roberto Burle Marx para abrigar obras da coleção. Todas as dependências são acessíveis a visitantes com deficiência.
Os pássaros de fogo levantarão voo novamente. As formas tecidas de Jacques Douchez e Norberto Nicola
- Local: Museu de Arte Moderna de São Paulo
- Curadoria: assume vivid astro focus
- Período expositivo: 16 de dezembro de 2021 a 13 de março de 2022
- Endereço: Parque Ibirapuera (Av. Pedro Álvares Cabral, s/nº – Portões 1 e 3)
- Horários: terça a domingo, das 10h às 18h (com a última entrada às 17h30)
- Telefone: (11) 5085-1300
- Ingresso: entrada gratuita no dia 16 de dezembro e aos domingos. De 17 de dezembro até 21 de janeiro, o ingresso terá o valor único de R$12,50 (meia-entrada). Agendamento prévio necessário.
Ingressos disponibilizados online www.mam.org.br/ingresso
- Acesso para pessoas com deficiência
- Restaurante/café
- Ar-condicionado