c h ãO não é o desenrolar de uma peça de dança, harmoniosamente arranjada com imagens autônomas ligadas entre si por uma mensagem política a ser transmitida sobre o Brasil. Acima de tudo, é um terreno de dança surpreendente e irradiante. Ele liberta. A comunidade é sem fim ali.
Entre 06 e 15 de maio; sextas e sábados às 21h, e domingos às 18h, o Sesc Santana apresenta a peça de dança “c h ãO“, com concepção e direção de Marcela Levi e Lucía Russo e performance e co-criação de Alexei Henriques, Ícaro Gaya, Lucas Fonseca, Martim Gueller, Tamires Costa e Washington Silva. Co-produzida pelo Kunstenfestivaldesarts, Kaaitheater, Julidans e PACT Zollverein, a peça, inédita no Brasil, estreou em Bruxelas, em julho de 2021, com sucesso de público e crítica.
Suspender-se, pendurar-se em um intervalo, uma fenda no tempo entre cima e baixo, entre lado e outro, lançar-se na instabilidade, na trepidação, no groove. Tocar o chão para saltar novamente, saltar para voltar ao chão. c h ãO é uma peça fragmentária e incompleta que toma emprestado da música o trêmulo – também conhecido como o som da dúvida – e a dissonância para pensar a tensão como vínculo vibrante e não somente como quebra.
Em meio ao distanciamento físico, a música nos fez mover. Escutar outros. A voz carrega corpos. Começamos assim essa peça carregada de fragmentos de danças, vozes e corpos. Ouvir vozes. Vozes que soam rente ao c h ãO. Nina Simone, Tina Turner, Afrika Bambaataa & Soulsonic Force, Beyoncé, Kathleen Hanna, Sany Pitbull, Bruno Tucunduva Ruviaro, Gal Costa, Mutantes, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Chiquinha Gonzaga. Essa gente embala e faz tremer o nosso c h ãO. A marchinha de carnaval do final do século XIX “Ô abre alas que eu quero passar, peço licença pra poder desabafar” nos deu passagem para aproximarmos o sapateado dos musicais norte-americanos ao carnaval, à bateria de carnaval, aos tiros e fogos de artifícios que escutamos no Rio de Janeiro.
Um arquipélago.
Encontros que aconteceram no tempo, ou mesmo não aconteceram mas poderiam ter acontecido. “And like a ghost I’ll be gone” diz Beyoncé em uma de suas músicas em que dança uma coreografia inspirada em “Mexican Breakfast”, coreografia do rei do musical dos anos 60 Bob Fosse que, por sua vez, se inspirou na dança Black Bottom de Billy Pierce dos anos 20, que seguiu seu caminho no Charleston e que mais tarde engendrou o Soul de James Brown – o Mister Dinamite – e o locking de Damita Jo Freeman. E de gente em gente, caminhando sempre para trás e para os lados para avançar tropeçamos no violino estridente que abre o filme expressionista alemão mudo de suspense “O gabinete do Dr Caligari”. Mudo. Suspense. O trítono, intervalo dissonante bastante usado em filmes de terror, também é conhecido como intervalo do diabo. “So, I run to the devil” disse Nina Simone. Quando e como se associou a dissonância ao terror? A dissonância na música suspende. Suspense. Logo no início lá está Caligari vestindo as luvas que seriam usadas pelo Mickey Mouse algumas décadas depois. Mãos. Shining/Jazz hands, outro signo do musical que já aparece nos anos 20 com o Black Bottom. “Where you gonna run to?” canta Nina Simone em Sinnerman. Timbaland em sua mixagem responde: “Nowhere”. “Um mundo coberto de penas” foi o primeiro nome de “Vidas secas”, romance de Graciliano Ramos. Terra rachada, partida, craquelada. “But you don’t wanna be on your knees” canta-grita Kathleen Hanna. Entre idas e vindas, voltas e revoltas – morra! Renasça! -, rewinds e distorções encostamos nas montagens funkeiras de Sany Pitbull. Sany, Bambaataa e Kraftwerk se infiltraram no “Planet Rock”. Esse é o nosso Sooooooul Train Tropicália. “If you are having a good time say yes”. Depois de algum tempo “like a ghost I’ll be gone”.
Marcela Levi & Lucía Russo
BIO
Em 2010, as coreógrafas Marcela Levi (Rio de Janeiro, Brasil) e Lucía Russo (Patagônia, Argentina) fundaram, no Rio de Janeiro, a Improvável Produções, um lugar nômade de formação, pesquisa e criação. Levi & Russo apostam em uma direção polifônica em que diferentes posições inventivas se entrecruzam em um processo que acolhe linhas desviantes, dissenso e diferenças internas como força crítica construtiva e não como polaridades autoexcludentes.
O trabalho da Improvável vai em direção a uma estética experimental que surge de um encontro singular com os impasses da sociedade brasileira. Aí reside um esforço rigoroso em, em vez de sucumbir, transformar os embaraços e as tensões na própria matéria de uma produção artística.
A Improvável é responsável pela concepção, criação e produção de peças de dança apresentadas em inúmeros teatros, festivais e centros de arte dentro e fora do Brasil como: Festival Panorama, Kunstenfestivaldesarts, Julidans, Rencontres chorégraphiques internationales de Seine-Saint-Denis, Bienal Sesc de Dança, Festival de Curitiba, Festival d`automne à Paris, Indisciplinados Festival, Queer Zagreb, Tanzquartier, MITbr, JUNTA, Kaserne Basel, FIDCU, entre muitos outros.
https://www.facebook.com/ImprovavelProducoes
https://www.instagram.com/improvavelproducoes/
https://vimeo.com/improvavelproducoes
Ficha Técnica
Concepção e direção: Marcela Levi & Lucía Russo
Performance e cocriação: Alexei Henriques, Ícaro Gaya, Lucas Fonseca, Martim Gueller, Tamires Costa, Washington Silva
Interlocução: Ana Kiffer, Felipe Ribeiro
Assistência: Lucas Fonseca, Tamires Costa
Desenho de luz e direção técnica: Laura Salerno
Desenho de som: toda a equipe
Figurinos: Levi & Russo
Assessoria na sonorização: Diogo Perdigão
Registro em vídeo: Sergio López Caparrós
Edição de vídeo: Renato Mangolin
Fotografia: Emily Coenegrachts, Renato Mangolin
Produção e realização artística: Improvável Produções
Coprodução: Kunstenfestivaldesarts, Kaaitheater, Julidans, PACT Zollverein, Something Great
Distribuição: Something Great
Apoio: Centro Coreográfico da Cidade do Rio de Janeiro / Secretaria Municipal de Cultura, Espaço Cultural Sítio Canto da Sabiá, Instituto Villa-Lobos UNIRIO
Patrocínio: Fomento a todas as artes – Lei Aldir Blanc | Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro
“Vento”, instalação concebida por Lucía Russo em colaboração com Marcela Levi e consultoria técnica de Bruno Jacomino, desenvolvida dentro do projeto “Sala de Maravilhas” de Gustavo Ciríaco.
Serviço:
Datas: 06 a 15/05, sexta às 21h, sábado às 20h e domingo às 18h
Duração: 1h Recomendação etária: 12 anos
Sesc Santana (351 lugares)
Av. Luiz Dumont Villares, 579, São Paulo – SP, Tel.: 11 2971-8700
Prefira o transporte público: Jd. São Paulo – 850m | Parada Inglesa – 1.250m
Valor R$ 40,00 – Inteira | R$ 20,00 – Meia (concedida para estudantes, maiores de 60 anos, credenciados do Sesc na categoria plena, professores da rede pública e portadores de deficiência).
Venda online: terça-feira às 12h. Venda nas unidades: Quarta-feira, a partir das 17h.
Acesso para pessoas com deficiência – estacionamento – ar condicionado.
Estacionamento – R$12,00 a primeira hora e R$3,00 a hora adicional – desconto para credenciados.
Para informações sobre outras programações acesse o portal www.sescsp.org.br
Funcionamento da bilheteria do Sesc Santana – de terça a sexta, das 9h às 21h; aos sábados, das 10h às 21h; e aos domingos, das 10h às 18h45. Aceitam-se cartões de crédito e débito (MasterCard, Diners, Visa, Aura, Cabal, Elo, Hipercard, Maestro, Redeshop e Visa Electron), e cartões de bandeiras Vouchers Cultura (Alelo, Sodexo, VR e Ticket). Os ingressos podem ser adquiridos em todas as unidades do Sesc.
Contato assessoria de imprensa:
Ricardo Ribeiro
imprensa.santana@sescsp.org.br | Tel: 2971-8713
É necessário apresentar comprovante de vacinação contra COVID-19. Crianças de 5 a 11 anos devem apresentar o comprovante evidenciando uma dose,
pessoas a partir de 12 anos, das duas doses (ou dose única), além de documento com foto para ingressar nas unidades do Sesc no estado de São Paulo.