Em cena, estão maracás, cachimbos de angico, colares de conta e materialidades provenientes da natureza, objetos de madeira, palha e barro. Música de Feitiçaria conta com elementos presentes em religiões afro-indígenas-brasileiras, em especial no catimbó (culto à jurema), que o autor experienciou. O espetáculo é um trabalho da Cia Os Malditos e mostra vários Brasis em encenação para todos os públicos. Serão 13 apresentações gratuitas que acontecerão em praças das quatro regiões de São Paulo
Mário de Andrade (1893-1945) foi um desbravador pelo país e trouxe uma obra cercada de elementos míticos fundacionais para a constituição de um “novo Brasil”. Com um espetáculo cheio de canções e instrumentos tocados ao vivo, a Cia Os Malditos estreia o espetáculo Música de Feitiçaria com uma série de apresentações gratuitas em locais ao ar livre na capital paulista. A direção é de Rafael Antonio Ghirardello e o elenco conta com Bruno Bertolli, Carlitos Tostes, Lis Santos e Léo Magrão.
Serão 13 apresentações que acontecerão em praças das quatro regiões de São Paulo até setembro de 2022. Em 10 de julho, haverá duas sessões em Itaquera (Zona Leste): Praça Das Professoras (11h) e Praça Brasil (15h). No dia 24 de julho, a apresentação é na Praça Dilva Gomes Martins (Praça Do Morcegão), às 15h, no Artur Alvim (Zona Leste). Finalizando o mês, no dia 31 de julho, a cia leva a peça para a Praça José Ferreira Rodrigues, às 15h, em Socorro, na Zona Sul.
A trama coloca Mário de Andrade como protagonista de uma história envolvente, encenada em um Brasil profundo, quando as barreiras da ciência e do ritual se esfumaçam e o pesquisador tem seu corpo fechado por mestres de catimbó. A peça é uma adaptação para o teatro de suas pesquisas e andanças pelo Brasil, quando reuniu e “partiturou” músicas de terreiros de catimbó, presentes no livro “Música de Feitiçaria no Brasil”. Manuscritos, livros e a musicografia do projeto “Missão de pesquisas folclóricas”, com seus registros audiovisuais, funcionaram como propulsores e inspirações.
A identidade visual do espetáculo passeia por elementos presentes em religiões afro-indígenas-brasileiras, em especial no catimbó (culto à jurema), que o autor experienciou. Em cena, estão maracás, cachimbos de angico, colares de conta e materialidades provenientes da natureza, objetos de madeira, palha e barro. Os figurinos transitam entre esses Mários de Andrade viajantes, roupas que denotam um clima tropical com toques de regionalidade.
“Estar em praça pública é um posicionamento político: levar o acesso ao teatro, à cultura, gratuitamente às camadas, que não tiveram/têm o privilégio de ter contato com aparelhos ou bens culturais. Por outro lado, temos a consciência de que será um jogo, uma performance, um happening, uma obra aberta, tendo a possibilidade de receber interferências, tanto da natureza biológica (Ventos, chuvas ou mesmo da natureza humana: comentários em voz alta). É preciso que o teatro seja acessível como linguagem e que ajude na formação de público e do público. Trazendo novas referências estéticas para todes. Ofertando essa nova liturgia e linguagem e aprendendo com a plateia”, ressalta o diretor.
A música é um rio que conduz esses corpos e ouvidos dos espectadores no espetáculo. Além dos maracás, outros instrumentos comporão as sonoridades do espetáculo: djembê, tambor oceânico, pau-de-chuva, queixada, agogô e apitos de pássaros. Também está sendo construída uma arquitetura sonora que será executada digitalmente, criando efeitos e potencializando ainda mais as cenas.
Rafael Antonio Ghirardello enfatizou as características da peça que vão causar uma identificação nas pessoas. “Esperamos nos aproximar de um público das camadas populares. E esse espetáculo traz interações diretas com o público: serviremos frutas, lavaremos seus pés. Será uma relação afetiva e cultural. Estamos falando de um Brasil profundo, arraigado em crenças diversas e que pelos próprios processos sociais, históricos e culturais, essas diversidades se misturam, se sincretizam. Quem nunca foi numa benzedeira? Tomou um chá indicado pela avó para curar algum mal-estar? Estamos falando da sabedoria da natureza, da expressão regional, daquilo que não se encontra escrito com receita, ao contrário, é preservado através da oralidade”.
A Cia Os Malditos sempre foi estudar as vozes silenciadas: o autor francês Antonin Artaud, a dramaturga inglesa Sarah Kane, Plínio Marcos e agora se depara com a obra de Mário de Andrade. “Sua obra traz aspectos que devem ser destacados e que expressam anseios e características de muitos brasileiros: a valorização da cultura popular, da música, de instrumentos musicais indígenas, da dança e dos movimentos corporais presentes nas manifestações culturais populares, dos rituais das crenças populares, da religiosidade vivida pelo povo do Norte e Nordeste – regiões onde ele pesquisou. Mário já ocupa um lugar de clássico, é preciso agora descentralizá-lo! Um Mário para todes! Um Mário que se conecte também com o povo, com as periferias e não só com a academia e a intelectualidade”, finaliza Ghirardello.
“O espetáculo é resultado do projeto da companhia, que foi contemplado pelo Edital de Apoio a Projetos Artísticos Culturais Descentralizados de Múltiplas Linguagens da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo.”
FICHA TÉCNICA
Direção do espetáculo e Direção de Arte: Rafael Antonio Ghirardello. Adaptação de texto: Fredy Állan Galembeck. Atuação
FI
: Bruno Bertolli, Carlitos Tostes, Lis Santos, Léo Magrão e Ricardo Jeacomo.
CHInstrumentista e sonoridades da cena
: Léo Magrão.
A Direção Musical e arquitetura sonora:
Ricardo Jeacomo. Direção de Cena: Lou Makiama. Figurinos: Bruno Bertolli. Maquiagem: Lis Santos. Direção de Produção
TÉ
: Carlitos Tostes. Designer gráfico: Giuliano A Ziviani. Aderecista: Lala Martinez Corrêa. Locução em off e gravação para divulgação: Emanuela Alves. Supervisão da escrita: Dra. Regina Santos. Marketing Digital: Panther Marketing – Daniele Maelaro. Assessoria de imprensa: Renato Fernandes Gonçalves. Agradecimento: Cia Livre
JULHO
Domingo, 10 de julho
11h – PRAÇA DAS PROFESSORAS
Av. dos Campanellas
Cidade Antônio Estêvão de Carvalho (Distrito de Itaquera, Zona Leste). Próxima ao metrô Corinthians-Itaquera (Linha Vermelha)
15h – Praça Brasil
Av. Nagib Farah Maluf
Conjunto Residencial José Bonifácio (Distrito de Itaquera, Zona Leste). Próxima à estação José Bonifácio, Linha Coral da CPTM
Domingo, 24 de julho
15h – Praça Dilva Gomes Martins (Praça do Morcegão)
Rua Padre Manuel Barreto. COHAB Padre Manoel da Nóbrega (Distrito de Artur Alvim, Zona Leste) Próxima ao metrô Artur Alvim (Linha Vermelha)
Domingo, 31 de julho
15h – Praça José Ferreira Rodrigues
Av. Inácio Cunha Leme. Jardim Suzana (Distrito de Socorro, Zona Sul)
Classificação: Livre. Duração: 35 minutos
Para mais informações:
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