Inventário das coisas esquecidas

Espetáculo inspirado no livro Os Sertões, de Euclides da Cunha, propõe uma curadoria de memórias para falar da Guerra de Canudos

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Novas apresentações de 21 de outubro a 6 de novembro no Teatro Arthur Azevedo 

Inspirados na célebre obra e na disputa sobre o significado e a história de Canudos, o Coletivo Tresbeira apresenta nova peça e dá continuidade à sua pesquisa em obras de literatura em língua portuguesa como disparador poético para a cena

O que cabe de uma guerra num espaço tão curto? Mais de 120 anos após a publicação de Os Sertões e de uma extensa fortuna crítica sobre o livro, uma série de documentos busca disputar os significados da Guerra de Canudos, posicionando o evento na centralidade da constituição de nossa atual república. Inspirados no trânsito entre literatura, história e ciência proposto pelo exercício euclidiano, o Coletivo Tresbeira caminha por uma curadoria de imagens e memórias, próprias do que foi Canudos, na tentativa de reconstruir um espaço saturado de artefatos que retiram esse ‘museu’ do esquecimento.

Este é o mote do espetáculo Inventário das coisas esquecidas, que faz uma recriação da narrativa da Guerra de Canudos, contextualizada em eventos atuais. Viabilizado com a contemplação na 14° edição do Prêmio Zé Renato de Fomento ao Teatro, a peça estreou no dia 23 de setembro no Teatro do CEU Carrão. A direção artística é de Junior Romanini e o elenco é formado por Be Magosso, Eder AsaFernanda PioGabriel Góes e Mônica Bernardes.

As próximas apresentações acontecem de 21 de outubro a 6 de novembro no Teatro Arthur Azevedo. Todas as apresentações são gratuitas e parte delas conta com intérprete de libras, com as datas e horários sinalizados na agenda abaixo.

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Mais do que uma encenação das passagens do enredo do livro “Os Sertões”, no entanto, o grupo se empenha em uma reescrita que compreenda os modos operativos e formais da obra, buscando um comentário, via cena, de aberturas e abordagens possíveis deste evento que marca nossos processos históricos enquanto nação. Ainda, o trabalho do Coletivo não se debruça apenas neste extenso monumento literário, como adentra em parte de sua fortuna crítica.

OS SERTÕES E OUTRAS REFERÊNCIAS NO PROCESSO DE CRIAÇÃO

Os Sertões é uma importante materialidade na disputa do significado de Canudos que pensadores, políticos e artistas remodelaram através das décadas que separam sua publicação dos dias atuais. A fonte inesgotável do ensaio euclidiano é desenvolvida em uma extensa fortuna crítica que amplia e matiza as questões tangenciadas pelo livro e aponta, ainda, uma interlocução com demais literaturas sobre guerras e suas representações.

É nesse sentido que o Coletivo ampara a pesquisa do seu trabalho em uma bibliografia que contribui não só a sensibilização e embasamento teórico sobre as temáticas, mas incide na própria dramaturgia processual do espetáculo.  Na esteira do exercício de edição e colagem operado na criação, diferentes fragmentos são combinados com a encenação e com relatos dos artistas envolvidos. São citados: “A Guerra não tem rosto de Mulher” de Svetlana Alexiévich, “Eu vejo teus erros. Seguindo as pegadas de Dilermando de Assis num exemplar único de Os Sertões de Euclides da Cunha” de Cristiane Henriques Costa e “No calor da hora: a Guerra de Canudos nos jornais” de Walnice Nogueira Galvão.

A TRAJETÓRIA DO COLETIVO TRESBEIRA

A estreia e temporada do “Inventário das coisas esquecidas” consolida a atuação dos jovens artistas emergentes que integram o Coletivo Tresbeira – coletivo multidisciplinar de pesquisa cênica que busca entremear literatura, corpo e imagem – dando continuidade à pesquisa cênica multidisciplinar que vem sendo desenvolvida. Sempre partindo de obras literárias em língua portuguesa como disparador poético e organizador criativo, o grupo se vale de procedimentos de composição corporal, imagética e dramatúrgica através de procedimentos apresentados pelo diretor Junior Romanini.

Ainda, provocados pela interlocução com sujeitos do território, o coletivo prioriza sua atuação local e em rede na Zona Leste de São Paulo, articulando roteiros de fruição artística, em diferentes linguagens, entre os espaços culturais do território. Em seu último trabalho, o projeto de incentivo à leitura ainda em circulação “Meio a meio o rio ri: quando a palavra de Guimarães deságua em Mia Couto e inunda tudo”, o grupo ocupou mais de 10 espaços públicos atuantes nas comunidades periféricas, com predominância na zona leste. As ações perpassaram espaços como Biblioteca Hans Christian Andersen, Casa de Cultura Raul Seixas, Casa de Cultura São Rafael.

FICHA TÉCNICA

Direção artística e Designer Gráfico: Junior Romanini

Em cena: Be Magosso, Eder Asa, Fernanda Pio, Gabriel Góes e Mônica Bernardes.

Interlocução Artística e Laboratórios Vocais: Letícia Coura

Provocação dramatúrgica: João Turchi

Composição e execução musical: Lucas G Moutinho e Gabriel Eleutério

Realização audiovisual: Augusta Gui

Pensamento e execução de recursos visuais e cenográficos: Padu Cecconello

Desenho e operação de luz: Afonso Costa e Ton Ribeiro

Direção de Produção: Be Magosso

Produção Executiva e acompanhamento de projeto: Eder Asa

Assistência de Comunicação: Fernanda Pio e Gabriel Góes

AGENDA DAS TEMPORADAS DE APRESENTAÇÕES

https://www.instagram.com/coletivo_tresbeira/

TEMPORADA 

Datas e horários: 21/10 a 06/11, sexta e sábado às 20:00, domingo às 18:00 – sessão extra dia 04/11 às 15:00 com intérprete de libras

Local: Teatro Arthur Azevedo

Endereço: Av. Paes de Barros, 955 – Alto da Mooca

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