No Paço das Artes, exposição ‘Nós — Arte e Ciência por Mulheres’ segue até 11 de junho

MOSTRA APRESENTA A HISTÓRIA E O TRABALHO DE ARTISTAS E DE CIENTISTAS BRASILEIRAS E ESTRANGEIRAS  

 

Ainda dá tempo de visitar a exposição “Nós — Arte e Ciência por Mulheres”, sobre a trajetória das mulheres como produtoras de conhecimento.  Ela segue aberta até dia 11 de junho, no Paço da Artes, instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo, em Higienópolis, Zona Oeste de São Paulo. A mostra apresenta um panorama que valoriza a presença da mulher na ciência, ao mesmo tempo que dá luz à histórica invisibilização de suas atuações na sociedade. Faz isso através da apresentação de personagens, iconografia histórica e científica e, como um projeto de arte, através do trabalho de artistas contemporâneas.

Contemplando cenários históricos que vão desde a sabedoria ancestral até a crescente presença feminina nas instituições científicas nos dias de hoje, a narrativa da exposição propõe tanto uma denúncia quanto uma ode à presença de mulheres nas mais diversas áreas do conhecimento. Como denúncia, a mostra considera as múltiplas camadas de opressão que atravessam e organizam uma sociedade ainda marcada pelas exclusões, mas também apresenta e valoriza, através de uma narrativa complexa e entrelaçada, que a mulher sempre foi protagonista de sua própria história.

 

A EXPOSIÇÃO

A mostra é dividida em dois núcleos temáticos, abordando diferentes áreas de atuação em que as mulheres são produtoras de conhecimento. Nós  Arte e Ciência por Mulheres faz um recorte e apresenta cerca de 60 cientistas de diferentes épocas e nem sempre reconhecidas por suas conquistas, como a alquimista e profetisa grega Maria; as químicas Marie e Irene Curie; a bióloga Bertha Lutz e a paleontóloga Carlotta Joaquina Maury. Entre as 19 artistas contemporâneas estão Arissana Pataxó, Berna Reale, Bruna Alcântara, Efe Godoy, Marcela Cantuaria e Paty Wolff.

O primeiro núcleo, “Não se nasce mulher, torna-se mulher”, retorna aos tempos medievais e destaca como a sabedoria e autonomia feminina, muitas vezes na figura de parteiras, curandeiras e benzedeiras, por exemplo, passaram a ser vistas como uma afronta à manutenção da lógica patriarcal e à sociedade da época, sendo consideradas imorais, criminosas e até mesmo bruxas. Por conta de tamanho preconceito, muitas delas foram condenadas à fogueira.

Também é abordada a ideia de construção social de gênero e seus impactos na produção de uma sociedade e de uma ciência majoritariamente androcêntricas, apresentando mulheres que tiveram relevância não só na produção científica como também no debate sobre igualdade e representatividade de gênero. Algumas das mulheres em destaque são: da educação, a escritora Nísia Floresta (1810-1885), considerada a primeira feminista do país e a fundadora do Colégio Augusto, no Rio de Janeiro, que viria a ser um marco na história da educação feminina brasileira; da saúde, a médica Maria Odília Teixeira (1884-1970), conhecida como a primeira mulher negra do Brasil a se formar no curso de medicina e autora de um estudo pioneiro sobre a cirrose alcoólica em uma época de forte estigmatização de pacientes da doença; e das ciências humanas, a filósofa Sueli Carneiro, fundadora e atual diretora do Geledés — Instituto da Mulher Negra, a primeira organização negra e feminista independente de São Paulo.

Já o segundo núcleo, chamado “A revolução será feminista, ou não será!”, explora a contínua luta das mulheres por uma sociedade mais igualitária, em que todos tenham pleno acesso a direitos políticos, econômicos e sociais, naquela que é considerada a mais longa de todas as revoluções. Entre alguns dos variados temas que serão explorados, está o trabalho doméstico. Num país como o Brasil, em que as mulheres dedicam entre 20 e 22 horas por semana a este tipo de serviço, e os homens apenas 10, obrigando muitas delas a largar seus estudos e empregos para cuidar da casa, o combate ao sexismo e ao ultrapassado ideal do que seria um “trabalho de mulher” segue urgente e necessário.

Dentre nomes importantes nas áreas da ciência e tecnologia destacados estão a médica brasileira Beatriz Grinsztejn, primeira mulher latino-americana eleita como presidente da International AIDS Society para a gestão 2024-2026, com o desafio de enfrentar as iniquidades que persistem na resposta global à epidemia de AIDS; a geneticista Mayana Zatz, pioneira ao localizar genes novos ligados a doenças neuromusculares e coordenadora do Centro de Estudos do Genoma Humano; a cientista da computação Nina da Hora, que atualmente integra o Conselho de Segurança da rede social TikTok e se considera uma hacker antirracista dedicada a pensar de forma crítica a inteligência artificial; e Jaqueline Goes, biomédica que participou da equipe que sequenciou o genoma do vírus Zika, e se destacou por coordenar a equipe que conseguiu sequenciar o genoma do vírus SARS-CoV-2 apenas 48 horas após o registro do primeiro caso de covid-19 no Brasil.

“Nós – Arte e Ciência por Mulheres” tem entrada franca. A mostra é uma exposição coletiva construída pelo coletivo curatorial do Estúdio M’Baraká, formada por Isabel Seixas, Letícia Stallone, Gisele Vargas e Diogo Rezende, e com consultoria da pesquisadora Magali Romero Sá, especializada em História da Ciência.

Além de um projeto expográfico acessível, a exposição conta com roteiros de audiodescrição para o público com deficiência visual e roteiro de vídeo-libras para as pessoas surdas. Esses roteiros podem ser acessados gratuitamente por QR codes. Os textos da exposição também serão disponibilizados via QR codes de forma acessível para softwares de leitura de pessoas com deficiência visual. Todos os vídeos no espaço expositivo contam com legendas em português e legendas descritivas. Há também vídeos que contam com recurso de audiodescrição ou Libras. Foi realizada uma seleção de objetos sensoriais que são destinados às visitas mediadas realizadas pela equipe educativa, que também passou por formação em acessibilidade para poder receber todos os perfis de público com equiparação de oportunidades. O espaço do Paço das Artes possui rampa de acesso para espaço expositivo, elevador e banheiro acessível para pessoas com mobilidade reduzida ou deficiência física.

A exposição “Nós  Arte e Ciência por Mulheres” é uma realização do Estúdio M’Baraká, do Ministério da Cultura e do Governo Federal, através da Lei de Incentivo à Cultura, e conta com idealização da M’Baraká, patrocínio master da AstraZeneca, apoio do Paço das Artes, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo, além de apoio de acervo do Museu do Índio, Museu Nacional Museu de Ciências da Terra / CPRM, Instituto Butantan, Sítio Roberto Burle Marx e Fiocruz.

O Paço das Artes tem apoio institucional da Kapitalo Investimentos na categoria Master; Vivo e Grupo Travelex Confidence na categoria Ouro; e TozziniFreire Advogados na categoria Prata. O apoio de mídia é da JCDecaux, Nova Brasil FM e Alpha FM, e o apoio operacional é do Pestana Hotel Group.

Serviço:

Nós – Arte e Ciência por Mulheres

Até 11 de junho de 2023

Local: Paço das Artes

Endereço: Rua Albuquerque Lins, 1345 – Consolação, São Paulo – SP

Telefone: (11) 4810-0392

Funcionamento: terças a sábados, das 11h às 19h; domingos e feriados, das 12h às 18h.

Ingresso gratuito.

Sobre o estúdio M’Baraká (UM-BA-RA-KÁ)

Criado há 17 anos por Isabel Seixas e Diogo Rezende, o estúdio M’Baraká desenvolve projetos múltiplos com profissionais de diversos segmentos e se destaca por sua metodologia, que envolve criação, pesquisa, planejamento estratégico e direção de arte. Desde 2013, a economista Larissa Victorio faz parte da sociedade. Os projetos do grupo são únicos, focados na criação de experiências relevantes, que geram conhecimento e valor para seus públicos como as exposições de sucesso “Mostra Nise da Silveira – A revolução pelo Afeto”, “Mostra Darwin”, “Quando o Mar virou Rio” e “Tropicália, entre outros.

 

Sobre o Paço das Artes

O Paço das Artes — instituição que pertence à Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo — foi criado em 25 de março de 1970. Em 2020, conquistou sua primeira e definitiva sede, em Higienópolis, depois de existir de maneira nômade e ter passado pelo Edifício da Secretaria da Cultura, Esporte e Turismo na Avenida Paulista (1970); Sala na Pinacoteca do Estado, na Luz (1973); Museu da Imagem e do Som na Avenida Europa (1975); Cidade Universitária da USP (1994) e, novamente, no Museu da Imagem e do Som (2016). O Paço das Artes teve sua trajetória marcada por dar voz e espaço à arte contemporânea e desde 1970, a instituição vem fomentando a produção, reflexão e memória da arte em atuações também com foco nas produções não legitimadas pelo circuito oficial.

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