O Sesc 24 de Maio recebe entre os dias 16 e 24 de setembro, às 19h o projeto Parlavratório – Conversas sobre escrita na arte com artistas e escritores convidados. Sob a concepção e curadoria de Daniela Avelar e Fabio Morais, Parlavratório é dividido em quatro encontros mediados por Patrícia Galelli. A atividade se propõe a transmitir bate-papos ao vivo entre escritores e artistas que refletem sobre a escrita e suas variadas materialidades, que abrem espaços de experimentação estética além da página e dos modelos tradicionais do texto. Após cada conversa é exibido o vídeo “O corpo dá palavra”, obras audiovisuais a partir de leituras e outras experimentações com a palavra feitas por artistas participantes do projeto. A transmissão do bate-papo e do vídeo acontece às quintas e sextas-feiras pelo YouTube e Facebook do Sesc 24 de Maio.
A estreia acontece no dia 16 de setembro, quinta-feira, às 19h e o tema abordado é a escrita em ação: corpo, voz e acontecimento com os convidados Raquel Stolf e Rafael RG, que conversam sobre o modo como seus processos de escrita acontecem tanto em publicações impressas quanto pelo corpo, em ações performativas e experimentações sonoras. Após o bate-papo, o vídeo “O corpo dá palavra” com a artista Edith Derdyk é exibido aos espectadores.
O segundo encontro acontece no dia seguinte, 17 de setembro, sexta-feira às 19h e recebe Daniela Avelar e Zéfere que conversam sobre regras e instruções como método livre de escrita. A partir de suas pesquisas sobre o grupo literário francês OuLiPo, e também de suas práticas artísticas e literárias, Daniela em companhia do poeta e tradutor Zéfere falam sobre a adoção de regras como método de criação escrita. Além disso, refletem como essas regras dialogam com a chamada escrita conceitual da arte, criando uma interseção entre esses dois campos. Após o debate, é a vez do poeta Ricardo Aleixo fazer sua contribuição com o vídeo “o corpo dá palavra”.
Na quinta-feira seguinte, 23 de setembro às 19h é a vez do terceiro encontro intitulado outras noções de “escrever” no espaço das artes com Fabio Morais e Marilá Dardot. Os dois são artistas que trabalham em dupla há mais de 15 anos e que têm no diálogo com a literatura um dos principais eixos de suas obras. Seja abordando temas e práticas literárias nas linguagens, procedimentos conceituais e espaços da arte, seja experimentando narrativa, escrita e leitura nas lógicas do espaço expositivo, Dardot e Morais praticam uma espécie de escrita fora da página e do literário, ainda que usem a literatura como tema recorrente. Ao final da conversa o vídeo “o corpo dá palavra” vai ao ar com a poeta Érica Zíngano.
Já o último encontro acontece na sexta-feira, 24 de setembro também às 19h e o assunto da vez é a escrita em arte (re)criando circuitos editoriais, com a participação de Lenora de Barros e Regina Melim. Neste bate-papo elas abordam como os circuitos editoriais ligados ao livro se expandem no campo da arte e assim experimentam novos suportes para a escrita. Após o debate será exibida a performance “o corpo dá palavra” com a poeta Tatiana Nascimento.
Sobre os convidados:
Raquel Stolf (Indaial, 1975) – É artista e docente na Universidade do Estado de Santa Catarina. Doutora em artes visuais pela UFRGS, pesquisa a palavra e o texto nos processos de escrita e de escuta em publicações sonoras de leitura, instalações, ações, vídeos, livros, entre outros meios, acrescentando à construção da escrita as finalidades de leitura e escuta. Realizou exposições individuais e coletivas em diversas instituições, tais como MASC, Memorial Meyer Filho, MIS Florianópolis, MAC-USP, MAM SP, Festival Videobrasil, Palácio das Artes de Belo Horizonte, 10a Bienal do Mercosul, Paço Imperial, Caixa Cultural, Sesc Sorocaba, entre outras.
Rafael RG (Guarulhos, 1986) – É artista visual. Em workshops, instalações, textos performativos, publicações e objetos, trabalha com arquivos institucionais e particulares em narrativas que tencionam a noção de ficção. Participou de mostras no Brasil, Argentina, México, Colômbia, Alemanha, Polônia, Espanha e Holanda. Recebeu os prêmios Foco ArtRio, Honra ao Mérito Arte e Patrimônio/ IPHAN, Centro Cultural São Paulo e esteve em residência na Künstlerhaus Bremen (Alemanha) e na Gasworks (Londres).
Edith Derdyk (São Paulo, 1955) – É artista visual e poeta. Participou de exposições coletivas em instituições brasileiras como MAM – SP, MAM – RJ, Pinacoteca do Estado de São Paulo, CCBB – RJ, MASP, Instituto Tomie Ohtake, e em países como México, EUA, Alemanha, Dinamarca, Colômbia, Espanha, França e Suíça. Foi contemplada com as bolsas Prêmio Funarte Artes Visuais (2012); Prêmio Revelação Fotografia Porto Seguro (2004); Bolsa Vitae de Artes (2002); The Rockefeller Foundation (1999). Organizou livros como “Entre ser um e ser mil, o objeto livro e suas poéticas” (Senac) e “Disegno.Desenho.Desígnio” (Senac) e é autora de “Linha de Costura” (Editora C/Arte), “Formas de pensar o desenho” (Ed.Zouk) e do livro de poemas “Da Língua e dos Dentes” (Editora Urutau).
Daniela Avelar (São Paulo, 1988) – É artista visual e escritora. Doutoranda em Processos Artísticos Contemporâneos na UDESC, investiga em sua pesquisa a cor branca enquanto conceito e experiência, por meio de experimentos de restrição de escrita. Utiliza instrumentos literários em práticas ligadas às artes visuais, como a apropriação, uso e recontextualização. Integra o grupo-laboratório “de repente é bom ter um objetivo”, com Bil Lühmann, Marco Antonio Mota e Raquel Stolf, no qual realizam experimentos de escrita a partir das atividades do grupo OuLiPo em oficinas no Sesc SP e na Oficina Cultural Oswald de Andrade. Possui livros auto editados e publicações por editoras como nunc edições de artista + Edições Aurora/Publication Studio SP e plataforma par(ent)esis. Também atua na Pinã Cultura, realizando curadorias educativas, formações de equipe para exposições de arte e projetos editoriais.
Zéfere (Ituiutaba, 1980) – É poeta e tradutor. Autor do livro “A Coesia das Coisas“, editado pela Editora 7 Letras em 2006. Traduziu para o português o romance “O Sumiço” (La Disparition), de George Perec, obra que o autor francês escreveu sem a letra “E”. Publicada em 2016 depois de um processo de cinco anos, a tradução ganhou o Prêmio Paulo Rónai.
Ricardo Aleixo (Belo Horizonte, 1960) – É poeta e performer. Foi curador do Festival de Arte Negra (FAN) e de exposições como Sebastião Nunes: 30 Anos de Guerrilha Cultural e Estética de Provocação. Coordenou os projetos 30 Anos da Semana Nacional de Poesia de Vanguarda, Tricentenário de Zumbi e a Bienal Internacional de Poesia e montou os espetáculos multimeios Jogo de Guerra – Malês (1990), Desconcerto Grosso – Poemas de Gregório de Matos (1996) e Canudos (1996). Editor da revista Roda – Arte e Cultura do Atlântico Negro, pela Fundação Municipal de Cultura de Belo Horizonte, é autor de “Modelos Vivos” (2010), “Mundo palavreado” (2013) e “Pesado demais para a ventania” (2018).
Marilá Dardot (Belo Horizonte, 1973) – É artista visual. Trabalha com diversas mídias, a palavra e a literatura são referências constantes em sua obra. Participou de exposições coletivas em instituições como as Bienais de São Paulo e de Havana, Inhotim, Videobrasil, MAM-SP, Pinacoteca de São Paulo, entre outras. Ganhou o quinto Prêmio Sergio Motta de Arte e Tecnologia, o Prêmio CNI SESI Marcantonio Vilaça para as Artes Plásticas (2004), o Prêmio Bolsa Pampulha (2003) e o Prêmio da Mostra Rio Arte Contemporânea 1 (2002).
Fabio Morais (São Paulo, 1975) – É artista visual escritor. Atua entre os espaços expositivo e editorial fundindo visualidade e escrita ao experimentar a plasticidade e a espacialidade da linguagem na ficção, na história, nas estórias e na narrativa. Sua mais recente exposição individual foi “çonoplaztía” (2018, Galeria Vermelho). Participou de exposições coletivas em instituições como Bienais de São Paulo e do Mercosul, MAM-SP, Instituto Tomie Ohtake, CCSP, MASP, MACBA, MAC Lyon, CGAC, Astrup Fearnley Musset e Bonniers Konsthall. Publicou obras por editoras como par(ent)esis, Tijuana, Dulcineia Catadora, Cosac Naify, Ikrek e em periódicos como revistas seLecT, Bravo, Jornal de Borda, Folha de São Paulo, Le Monde Diplomatique, entre outros. Doutor em artes visuais pela UDESC, ministrou disciplina na pós-graduação da FAAP e oficinas sobre escrita nas artes visuais e publicações de artista no Sesc SP, Caixa Cultural Brasília, Grafatório, Ateliê Espai, Oficina Cultural Oswald de Andrade, entre outros.
Érica Zíngano (Fortaleza, 1980) – É poeta, artista visual e mestre em Literatura Portuguesa pela USP. Co-concebeu em 2014 o projeto KM.0 >>>> Poetry Project e ganhou o prémio SOUNDOUT New Ways of Presenting Literature no Festival Internacional de Literatura de Berlim. Viveu em Berlim, onde ganhou a bolsa de trabalho para autores de literatura de língua não alemã. Integra a antologia ˜As 29 Poetas Hoje” (2021) de Heloisa Buarque de Holanda.
Lenora de Barros (São Paulo, 1953) – Artista que transita entre a poesia e a arte conceitual em diversas mídias e linguagens como vídeo, performance, fotografia e instalação sonora, realizou exposições individuais em instituições como Paço das Artes, Oficina Cultural Oswald de Andrade, Pivô e Paço Imperial. Participou de mostras coletivas em instituições como as Bienais de São Paulo, do Mercosul, de Cerveira (Portugal) e de Lyon (França), MAM-SP, Hammer Museum (EUA), Pinacoteca de São Paulo, Mexic-Art Museum, entre outros. Foi curadora da Radiovisual na 7ª Bienal do Mercosul, em 2009.
Regina Melim (Itajaí, 1955) – É artista, editora e pesquisadora. Doutora em Comunicação Semiótica pela PUC-SP e docente em artes visuais na UDESC. Autora do livro Performance nas Artes Visuais (Zahar, 2008), criou a editora plataforma par(ent)esis que desde 2006 vem editando publicações de artistas e curadorias em formato editorial com autores como Paulo Bruscky, Marilá Dardot, Fabio Morais, Kenneth Goldsmith, Felipe Prando, Pedro Franz, Eric Watier, Lawrence Weiner, Martha Rosler, entre outros.
Tatiana Nascimento (Brasília, 1981) – É poeta, slammer, cantora e compositora. Cofundadora de Editora Padê, escreve, pesquisa e publica livros de autoras negras e LBT. Seu livro Lundu foi uma das publicações selecionadas pelo Projeto Nacional Leia Mulheres na categoria Melhores Livros de 2016. É tradutora e realizadora experimental em audiovisual. Criadora do conceito cuírlombismo literário, propõe a remitologização da dissidência sexual como parte fundante do imaginário ancestral da diáspora negra. Tem nove títulos publicados, entre poesia e ensaio, entre eles “Lundu”, “Cuírlombismo Literário: poesia negra LGBTQI desorbitando o paradigma da dor” e “Leve sua culpa branca pra terapia”.
Patrícia Galelli (Concórdia, 1988) – É escritora, jornalista, artista e pesquisadora com experiência em mediação de leitura e de processos artísticos, e também em gestão e produção executiva de projetos culturais. Assina a coluna “Vértebra da mão”, na Revista Gulliver. Publicou os livros “Carne falsa” (Editora da Casa, 2013), “Cabeça de José” (Editora Nave, 2014), “Gávea” (selo Formas Breves/e-galáxia, 2014), “Um bicho que” (Miríade Edições, 2015) e o livro para crianças “Gato-átomo” (Editora Nave, 2020).
Estas e outras ações fazem parte de uma gama de programações online propostas pelo Sesc 24 de Maio em tempos de pandemia, que podem ser acompanhadas pelo portal inscricoes.sescsp.org.br e pelas redes sociais da unidade, no Instagram, Facebook e YouTube.