O ritmo brasileiro encontra a música erudita
quarta-feira, dia 20 de julho, no Centro Cultural Fiesp
Quando as irmãs instrumentistas de Porto Feliz conheceram o tenor brasileiro Paulo Paolillo, apresentado por uma amiga em comum, a identificação foi imediata. O trio de música instrumental brasileira, de trajetória internacional, Choro das 3 – formado pela flautista Corina Meyer Ferreira, a multi-instrumentista Elisa Meyer Ferreira, a violonista de 7 cordas Lia Meyer Ferreira – sentiu como se o cantor fosse da família. Logo que a pandemia chegou, Paolillo, com uma carreira bem-sucedida na Europa, pediu demissão do teatro em que era contratado na Alemanha e cantava no corpo de ópera e voltou ao Brasil. De Atibaia, onde mora a família, assistia junto com os pais as lives do Choro das 3, direto de Porto Ferreira, residência das artistas e onde fizeram a quarentena, interrompendo as turnês internacionais.
“Ele está aqui no Brasil e doido para cantar. Vocês querem conhecê-lo?”, provocou a amiga em comum, talvez antevendo o futuro. “Ele veio aqui em casa e, quando abriu a boca pra cantar, ficamos boquiabertas”, lembra Corina, recordando que o pai ainda estava vivo e se emocionou. “Foi uma choradeira, coisa linda de ver esse menino cantar.” Por conta da empatia ao se conhecerem (“parece que ele é um primo”), resolveram fazer o projeto para poder tocar junto. “Quando conhecemos um músico que gostamos e admiramos, surge uma necessidade de tocar, de mostrar aquela música que criamos juntos para o mundo, de levar aquele som para as pessoas.”
O projeto dos shows Choro Lírico estava nascendo. “Assim como nós estudamos para caramba para nos desenvolvermos nos nossos instrumentos, o Paulo estudou para cantar. É como se ele fosse um instrumentista”, compara a flautista. Partiram, então, para a pesquisa de repertório. Começaram por selecionar músicas do cancioneiro napolitano. “Tocamos umas músicas e acabou surgindo a ideia do projeto”, conta Corina. A partir das partituras originais para orquestra, voz e piano, começaram a transcrever, fazer arranjos para a formação de choro. “Arranjos para violão, bandolim, flauta, às vezes, violão, acordeão, flauta e, às vezes, violão, clarinete, bandolim, flauta e a voz do Paulo, o tenor”, detalha Corina.
Forte ligação do choro com a música erudita
Para Corina Meyer Ferreira, o choro é a música de câmara brasileira, o conjunto regional é um conjunto de câmara brasileiro. “No Brasil não se fala muito sobre isso. No Exterior, os músicos eruditos comentam com a gente: vocês são um conjunto de câmara exótico.” A bandolinista alemã Katherina Littinberg, professora de bandolim clássico no Conservatório Musical de Colônia, amiga das artistas do Choro das 3, fala: “Pra mim, tocar choro é como tocar Bach. Exige a mesma técnica, a mesma disciplina, a mesma limpeza e cuidado com cada nota” . O maestro Christopher…, autor do arranjo da música Festa na Lagoa, para orquestra de cordas, concorda. Depois que conheceu o ritmo, quando o Choro das 3 esteve em Michigam, passou a utilizar choros para desenvolver a técnica de seus alunos. “Ele diz que é uma música que requer uma técnica muito limpa e avançada e que os alunos se divertem e gostam mais do que tocar um exercício, por exemplo”, conta Corina.
Paulo Paolillo – O tenor brasileiro Paulo Paolillo nasceu em 1987 em São Paulo. Iniciou seus estudos em sua cidade natal, São Paulo, com o tenor Benito Maresca. Formou- se na Universidade de Música Carlos Gomes e continuou seus estudos em Atlanta / Geórgia e na Mirella Freni Singing Academy em Modena. Em 2008 ingressou na escola de ópera italiana no Teatro Comunale de Bolonha, onde permaneceu por dois anos. Em 2009, o jovem tenor cantou no Festival de Ópera de Wexford como Luigi na ópera Maria Padilla de Donizetti. No verão de 2010, o festival Macerata Festival, como o Mastro Trabucco na Força do Destino, subiu ao palco do Sferisterio. Na temporada 2010/11, ele faz parte da Hamburg State Operastudio. Em 2012 ganhou um prêmio especial no concurso internacional de canto Marcello Giordani em Fano, na Itália. Em junho de 2013 foi um dos finalistas do conhecido Concurso de Canto Belvedere. Desde o início da temporada 2012/13, Paolillo é solista no teatro StaatsKassel, onde cantou muitos papéis .Em outubro / novembro de 2019 cantou em San Paolo no Teatro Sérgio Cardoso na ópera Madame Butterfly no papel de Pinkerton. Em outubro, novembro de 2019, cantou no teatro Sergio Cardoso, em São Paulo, como Pinkerton na ópera Madame Butterfly. Foi o segundo lugar no concurso internacional de canto lírico Crescendi na Itália, no mesmo ano ganhou 2 prêmios no concurso internacional de canto lírico Montecatini na Itália. Em 2020, estreou-se no Teatro Varna, na Bulgária, como protagonista da ópera Elisir d Amore. Em dezembro de 2020, participou do festival internacional de canto em Beirute, no Líbano, como tenor solo no Réquiem de Mozart e em recital, em homenagem às vítimas da explosão.
Choro das 3 – Duas décadas de carreira, 11 discos e um selo próprio (Macolé), turnês internacionais de três a seis meses todo ano, Prêmio APCA de Melhor Grupo, motor home nos EUA para facilitar as viagens pelo país (que elas conhecem inteiro) e 150 mil inscritos no Youtube, além de aulas em universidades e simpósios americanos. Dedicado à música instrumental brasileira, tendo como base o choro, o grupo Choro das 3 tem uma carreira de respeito. Este ano, quando estrearem o show de lançamento novo disco (Olho de Boi, no Sesc Belezinho em 18 de junho e derem a partida no projeto inédito Choro Lírico (em shows no Sesi, com o cantor Paulo Paolillo), as irmãs instrumentistas de Porto Feliz – Corina (flauta), Lia (violão de 7 cordas) e Elisa (bandolim, clarinete, banjo, acordeon e piano) – estarão pela primeira vez sem a presença do pandeiro do pai Eduardo, companheiro de jornada em 11 discos e viagens por 19 anos. Falecido em 2021 em decorrência da Covid, Eduardo, com certeza, estará vibrando o som de seu instrumento pelas filhas. O Choro das 3 é um grupo familiar e sempre teve quatro integrantes. Seu nome era Balaio de Gato. Certo dia, entre 2007 e 2008, quando se apresentavam no programa de TV de Serginho Groissman, resolveram mudar porque já existia um conjunto com o mesmo nome. Foi uma sugestão de um dos diretores da Globo, pois “Balaio de Gato” tinha registro. Em 2018, o grupo esteve em turnê de quatro meses nos EUA, Canadá e Barbados. Em 2017 foi a vez de comemorar 15 anos visitando os mesmos países e, em 2016, o Choro das 3 fez a mais longa turnê nos EUA, cinco meses e mais de 30 mil quilômetros percorridos de carro. O lançamento do novo disco, Olho de Boi, chega aqui depois de ser lançado nos EUA, França, Portugal, Espanha e Itália, em 2019, ainda com o pandeiro de Eduardo. Ao contrário de outros trabalhos, que traziam até 15 músicos convidados, a proposta deste novo era registrar o som do quarteto.
SERVIÇO
Projeto Choro Lírico – Show do grupo Choro das 3 e do tenor Paulo Paolillo. Dia 20/07 – 20h – Centro Cultural Fiesp São Paulo. Mostra Sesi São Paulo de Música Erudita. Av. Paulista, 1313, fone 011. 3322-0050.
https://www.sesisp.org.br/evento/e2804264-09d5-49d8-be0c-6dd2c799eacb/paulo-paolillo-choro-lirico
Músicas
Ave Maria – Mascagni – (Cavalleria Rusticana ) – https://youtu.be/pFZU0kVI-1Q
Mia Gioconda – italiana, Vicente Celestino – https://youtu.be/q1P0Ybe2JMg
Volare – https://youtu.be/cF9Kp5fAIRo
https://youtu.be/7tUvbu43ek0
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